CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Chuva Oblíqua (Fernando Pessoa)
Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente das velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem de porto são estas árvores ao sol...
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma...
(...)
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa. Entre 1895 e 1905, viveu na África do Sul. Escreveu quer sob os heterónimos Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis, quer sob o semi-heterónimo Bernardo Soares e Pessoa ortónimo. É considerado um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos. Poeta e prosador. Apesar de muito conhecido, Pessoa continua ainda por conhecer. É, decerto, o mais complexo e diversificado dos escritores portugueses.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1441 leituras
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Dedicado | Elegia ao Outono | 1 | 1.767 | 03/20/2012 - 23:16 | Português | |
Poesia/Dedicado | Da Terra brotam os Grãos... Sementes de vida | 0 | 1.946 | 03/19/2012 - 21:51 | Português | |
Poesia/Intervenção | A mística da poesia | 0 | 1.520 | 03/19/2012 - 21:48 | Português | |
Videos/Música | Both Sides Now (Joni Mitchell) | 0 | 3.633 | 03/19/2012 - 21:22 | inglês | |
Videos/Música | We're All Alone (Johnny Mathis & Petula Clark) | 0 | 3.738 | 03/19/2012 - 21:07 | inglês | |
Videos/Música | Angel of the Morning (The Pretenders) | 0 | 12.176 | 03/19/2012 - 20:45 | inglês | |
Videos/Pessoal | I´ll stand by you, live (Chrissie Hynde, from music of The Pretenders) | 0 | 22.176 | 03/19/2012 - 20:45 | inglês | |
Videos/Música | I'll stand by you - The Pretenders (with lyrics) | 0 | 4.044 | 03/19/2012 - 20:45 | inglês | |
Videos/Música | Downtown (Petula Clark) | 0 | 4.290 | 03/19/2012 - 20:45 | inglês | |
Poesia/Intervenção | Passado, Presente e Futuro (José Saramago) | 0 | 2.306 | 03/11/2012 - 20:29 | Português | |
Poesia/Intervenção | Não me peçam razões (José Saramago) | 0 | 2.692 | 03/11/2012 - 20:25 | Português | |
Poesia/Pensamentos | A Regra Fundamental da Vida (José Saramago) | 0 | 1.900 | 03/11/2012 - 20:20 | Português | |
Poesia/Intervenção | Questão de Palavras (José Saramago) | 0 | 2.332 | 03/03/2012 - 21:28 | Português | |
Poesia/Aforismo | Premonição (José Saramago) | 0 | 1.829 | 03/03/2012 - 21:23 | Português | |
Poesia/Fantasia | Água azul (José Saramago) | 0 | 1.505 | 03/03/2012 - 21:19 | Português | |
Poesia/Dedicado | Santanésia: Terra dos Sonhos - resta uma saudade! | 0 | 2.990 | 02/26/2012 - 15:45 | Português | |
Poesia/Aforismo | Ruptura: o dia do basta aos modismos | 0 | 1.648 | 02/26/2012 - 15:30 | Português | |
Poesia/Aforismo | O tempo (José Luis Appleyard) | 0 | 1.451 | 02/24/2012 - 10:00 | Português | |
Poesia/Intervenção | Insônia (Rafael Diaz Icaza) | 0 | 1.639 | 02/24/2012 - 09:55 | Português | |
Poesia/Dedicado | Alfonsina e o mar (Félix Luna) | 0 | 3.560 | 02/24/2012 - 09:46 | Português | |
Poesia/Dedicado | Roça de Milho | 0 | 1.460 | 02/23/2012 - 15:43 | Português | |
Poesia/Intervenção | A hora de ir-se | 0 | 2.185 | 02/23/2012 - 15:13 | Português | |
Poesia/Dedicado | Os Glaciares da Patagônia: salvemos! | 0 | 2.572 | 02/23/2012 - 15:11 | Português | |
Poesia/Intervenção | Caminheiro (Ossip Mandelstam) | 0 | 2.256 | 02/22/2012 - 12:02 | Português | |
Poesia/Intervenção | Chuva Oblíqua (Fernando Pessoa) | 0 | 2.043 | 02/22/2012 - 11:59 | Português |
Add comment