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cunnilingus divinorum

com uma cadavérica colher
cavei um latejante abismo
entre inóspitos
detonação dos meus frondentes

prata sapiente corroída
desilusão dos tempos
talhada na garra de uma vontade intemporal
húmida em intensidades de ruptura
manancial de inexistência
penetração no séquito

inconsequentes brasas
extermínio
gélido aroma noctívago
meditações contemplativas
subterfúgio

implodi labirintos múltiplos em mais profundidades
da ilusão e desilusão talhei vestes beiras
mutáveis ondulantes emparedamentos
metamorfose dos meus semblantes
tonalizei e ufanei as incorporeidades

às inospitalidades lacrimejei ácidos
infligimento
incrustação de templos

explodi arrebatações pluriformes

do caótico ventre primordial
fertilidade
colossais bramidos em percepções
penetravam-me nas entranhas abissais
frondosas harmonias
ensarilhadas no enlace
entre a secura de paladares e a humidade
na minha morte todas as flores encontraram húmus
colorizações
subtilezas
eu com elas

fiz-me feito de mim mesmo
após morte transfigurada
refiz-me em orgias
violáceos canibalismos
espelhados nascimentos floridos

acendi glórias
chamas nas suspensões
refluxos intemporais
crepitações degustativas
humidade imanente
refulgiam céleres preponderâncias
suprimi o paladar e explodi nos sentidos sentidos

aos tempos confinei a audição nas palestras
cantavam encanto na silenciosidade

exalei perfumes
invisibilidades sensíveis
ritmo de pétalas sexuadas
lascivas danças gemidas

nasceram turbilhões de apocalipses
clamavam pela insurreição
na sofreguidão degluti avidamente seus fluxos

dos odores
dos contactos
dos visionarismos
dos silêncios melódicos

do paladar das harmonias me extasiei

dos meus profundos me lancei
às clemências extasiantes
deambulações em sinuosidades

acompanhado pelas minhas sombras
difusas nas concretudes
aos sobrenaturalismos
aos relativismos objectivos
magias mutáveis
rumo a si mesmas nas elegâncias
subjectividade suprema

nas fendas das multiplicidades semeava
ilustres sussurros
criações divinas usurpadas
do funesto
deglutições que atentavam audições
ao mesmo corredor
ao mesmo labirinto
espelhamento do semeado

como a lisonja fluía

nos momentos de flutuação
ronronantes comprazimentos
ao mesmo corredor
ao mesmo labirinto
tríade perante o mesmo
infinitos de fálica unicidade
quimera do fraterno

nos momentos de irascibilidade
zumbido da silenciosidade atroz
ao mesmo corredor
ao mesmo labirinto
tríade perante o vaginal
infinitos de unicidades
quimera do fraterno

sussurrantes nos silêncios da azáfama
incrustações mentais
fastidiosamente rugidos
fantasmas sobre os meus fantasmas
à curiosidade de uma inverosimilhança
indiferença
senti-lhes as sombras

deambulavam nas perdições

do primeiro
deambulante em ondulações
ruminante de brisas abissais
absorção de vácuo
coisa alguma
e
és tu
resoluta parede
é ele
ao que remarquei rumos
fantasma balbuciante e balbuciado
eu nem uma coisa nem outra

do segundo
deambulante em ondulações
ruminante de brisas abissais
absorção de vácuo
coisa alguma
e
interrogada urina
resoluta parede
aqui
ao que remarquei rumos
fantasma urinante e urinado
eu nem uma coisa nem outra

do terceiro
deambulante em ondulações
ruminante de brisas abissais
absorção de vácuo
coisa alguma
e
clamado archote
resoluta parede
serás
ao que remarquei rumos
fantasma flamejante e flamejado
eu nem uma coisa nem outra

do quarto
deambulante em ondulações
ruminante de brisas abissais
absorção de vácuo
coisa alguma
e
implorado coito
resoluta parede
castração
ao que remarquei rumos
fantasma sangrante e sangrado
eu nem uma coisa nem outra

saturação
deles
dos da minha mente
tédio das imprevisibilidades
previsivelmente acontecidas
inexistente derradeiro suspiro à morte
transfiguração
aos labirintos e abismo
o túmulo eterno
novo inóspito deserto

flores fossilizadas em templos
em canções eternas
iluminações nas chamas da glória
suspensões
última lágrima aos subterrâneos
murmúrio das solidões
totalização da explosividade de areias

à superfície uma nova existência

em direcção à ausência de direcções
desnudados absorventes de suavidades arenosas
do sopro a eclosão
vendavais dançantes
nas ondas moldadas pelas nuvens
negros abutres nadavam
ritmo dos caminhos na orquestração das sinfonias
adocicados pensamentos fluídos
abraços nas asas da incompleta paixão
asseveração da secura

do turbilhão dos inóspitos
um cacto
esbracejantes espinhos
verdes na metamorfose dos olhares
lancei-lhes as sinfonias
esventramentos fulminantes
rasgados vendavais

das fendas milhares
ejaculada gota das prostrações
saboreamento ao infinito
do instante
asseveração da secura

detenção nas difusões lunares
ansiedade de lágrimas do esquecido
supressão no sussurro de brisas
das sinfonias me abandonei
comprazido nas silenciosidades das plumagens
visões da escuridade

dos veludos
os riscos flamejantes em insurreições
das cascatas
humidades escorridas do delicado
brilhos na orgástica nua
sublime luxúria
inflamações do espírito

inaladas epidérmicas
sulfurosos timbres do espasmo
licorosa ambivalência no apogeu
nas fendas da linguística labial
a secura rugida
ao clitórico
e
nesse oasis fiz plenitudes

© Bruno Miguel Resende

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sexta-feira, agosto 28, 2009 - 06:23

Poesia :

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BMResende

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Comentários

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Re: cunnilingus divinorum

Para não variar, um excelente escrito
Mto bom
Abraço

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Re: cunnilingus divinorum

Obrigado jopeman, para não variar penso que o hábito à variância será em si mesmo uma revolução.

Abraço! :-)

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