Desvario

Sinto repulsa
ao aceitar seus
pérfidos pedidos de desculpas,
Carregando entredentes
um pedaço
de átomo decadente e circuncidado.
Dissolvendo nas papilas gustativas
o gosto apocalíptico, cru e estereotipado
da vida.
Agora, segura as abobadas dos escombros
nos ombros e o coração envenenado
de Julieta no estômago.
Não há maior sentença
que emoldurar a aparência
de Narciso entorpecido,
Baforando o reflexo vítreo.
Saramago! Sara o mago,
mas, não há feitiço
destacando o enigmático sorriso
da Monalisa.
Quem elogiará minha loucura?
Diga!
Quem elogiará minha loucura, maldita?
Sou o silêncio
e a falta de bom senso do Jack,
datilografando em papel higiênico
o carnaval de Veneza, sem confetes.
Enredei meus pesadelos
folheando os dedos
no alegórico diário embolorado,
suturei medo aos pelos,
Tal como Jonathan Harker
foge dos fantasmas dos natais passados.
Queria ser um raio ultravioleta petrificado.
Uma célula cancerígena no intestino delgado.
E depois disso,
declarar que te amo até quando
meu pênis está flácido.
Desrosqueia os olhos
e limpa os tímpanos.
Brinda o monopólio,
pleonasmo do eu ilícito.
E desvairado, se despe.
Bebe das águas do Lethe,
e repentinamente...
Esquece...

Bruno Sanctus.