ENKI, o senhor das águas

Uma pomba esperançosa atravessa os ares
não sabe o seu destino, mas um sonho leva.
Como um albatroz vence o azul dos mares,
para no horizonte encontrar uma nova terra.

Ela voa com receio de perder o seu caminho
atraída pelo verde que carrega na lembrança.
Só pensa voltar trazendo no bico um raminho
e dos sobreviventes alimentar a esperança.

As águas que despencaram e cobriram o Tabor
sem piedade, dizimaram quem habitava a terra.
E, suportaram quarenta dias e noites de horror.
Nenhum ser sobreviveu na planície ou na serra.

Sabiam que não era uma vingança de Nammu,
e não poderia ser a ira de Enki, nem uma sina
decretada pelo senhor da aguas, o rei do Absu.
Com certeza era a força da justiça da lei divina.

Numa morosa dormência contemplavam o mar,
na espera insana do retorno da ave aventureira.
Teria desfalecido de fome ou no cansaço de voar
ou poderia ter encontrado outra ave alvissareira?

jthamiel
31.08.16
10:31h