Interracial

Em baixo fui voyeur,
assistia você.
Exibindo-se.
Toda equilibrista,
desfilando pelos muros
da vida.
Ouvindo assobios.
Elogios,
na passarela que o ego enchia.

De rabo empinado,
pêlos alvos,
quadris largos.
Um afrodisíaco
sem saltos.
Cínica...
E quando não observada,
era maníaca
por ratos.

Os anseios,
sempre foram latentes.
Impuseram-me freios,
quando deram-me,
coleira e correntes.
Sufocara os devaneios
com latidos estridentes
que sempre pronunciavam
um assunto pendente.

Rente a cortina noturna
que o sol cobria,
já não expressava a diurna
apatia.
Em meu leito,
saciava-se de minha cálida
saliva.
De olhos fechados,
restava a mim,
fingir que de nada sabia.

E quando os dedos
rosados da aurora,
o céu abria,
Não havia apego
voltava a ser a mesma de outrora.
Sem nostalgia.

Investidas inválidas,
te deixava confusa,
pálida.
Talvez, fossem as impressões
em minha busca,
que a assustara.
Bem, que poderíamos pular
as introduções.
E chegar onde desejara...
nas ações.

E foi em minhas patas,
que miou estar apaixonada.
Em minhas costas cravara garras.
Eu...
Apalpava as nádegas geladas...

Lambia sua nuca,
estava em harmonia,
nossos carrapatos
e pulgas.

Mordiam-se,
Embriagados de ocitocina.
Era fervor que transpirava
suas axilas.
Estudava toda sua anatomia,
percorria suas células-vadias.
sem medo...
Primeiro com dedos,
depois com beijos-gregos.

Hímen foste rompido.
De vermelho o lençol
ia tingindo.
Preenchi suas entranhas, felina,
e uivei que a amara.
Dizendo,
jamais ter penetrado
uma mais apertada!

Alegaste que meu falo
és descomunal.
E aquilo excitou-me
bem mais que o normal.

Longe de virar rotina,
exceto pelas intrigas de família.
Pois, os mesmos,
nunca aceitariam
a espécie que futuramente surgiria.
Por essa união interracial,
de Romeu - Canino e Julieta - Felina.

Bruno Sanctus.