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Mil torrentes IV (A fé dos nautas)

"A fé que nos rege, nos guia e nos guarda,
quando em perigo, nos serve e nos arma.
Por mais que incerta seja minha sina,
minhas leis e verdades me livram da guilhotina.
As inscrições em latim em meu casco
aqui se referem a meus amigos castos
que nunca me deixam e nunca me abandonam
e sempre me ajudam a direcionar minha lona.

Por mais que eu me sinta sozinho no mar,
não tenho vontade de ao lar retornar,
pois a sociedade acaba com o encanto
da vida que aqui levo, relato e canto!
Não entendem minha busca pelo auto-saber,
nem sabem do que estou atrás a correr.
Busco o mistério e o sentido da vida,
pois outrora dela acenei despedida!

De tantas perguntas para poucas respostas
estão nossas almas desnudas e expostas!
De poucas respostas para tantas perguntas
estão nossas almas vestidas e besuntas!
Se todos parassem de sobreviver
e, então, começassem mesmo a viver,
viriam que a vida é tão simples e bela
e a felicidade está contida nela!

Já fui bem feliz quando, em ignorância,
não me questionava; ainda não tinha a ânsia
por tudo saber e a tudo dominar,
ainda sabia me maravilhar
com coisas pequenas e coisas simples,
mesmo que delas só via as esfinges!
Já foi muito fácil me satisfazer
com pouco a pensar e com pouco a saber!

Viver a vida sem se questionar,
passar os dias sem filosofar,
ver certas coisas sem se perguntar...
seria, assim, fácil com tudo lidar.
Mas, quanto mais sei, mais quero conhecer,
e ao aprender, menos sinto saber!
Quanto mais de mim eu me aproximar,
poderei, de tudo, mais longe estar!

Às vezes me sinto tão desanimado,
vencido, caído e, por vezes, cansado...
Mas, olho ao redor e para dentro de mim
e lembro do início, do meio e do fim
da minha jornada tão espetacular
que há muito se iniciou e há muito para acabar.
Parece-me, às vezes, que o que mais sinto
é que nada disto faz o menor sentido!

E para enfrentar meu espontâneo calvário,
recorro à oração do nauta solitário:

'Oração do nauta solitário:

Meu amigo Sol,
que o bom dia traz,
do horizonte surge por detrás,
guie-me como um farol
para que, segura, ao atol
chegue minha nau tenaz.

Meu amigo Vento,
que o bom caminho cria,
de longe vem e me guia,
seja o amigo atento
para que, ao relento,
eu não sofra em agonia.

Meu amigo Céu,
que, de bom lar, me serve,
de todo lugar se ergue,
cubra-me com seu véu
para que, ao léu,
eu não fique, e me preserve.

Minha amiga Água,
que à boa maré dá forma,
aos lados me cerca e contorna,
leve a minha mágoa
para que não seja árdua
a saudade que minha alma deforma.

Meu amigo Fogo,
que minha alma aquece,
tudo esteriliza e enobrece,
não permita que o jogo
deste mundo demagogo
afaste-me de minha prece.

Meu amigo Ar,
que me provê bons ventos,
é o mais vital dos elementos,
não permita que eu deixe de respirar
enquanto não conseguir alcançar
meus mais nobres intentos.

Minha amiga Terra,
que boa mãe é,
começa onde termina a maré,
peça ao Deus que o tempo altera
para que o clima que a tempera
satisfaça a minha fé.

Minha amiga Lua,
que a boa noite clareia,
da luz de meu farol se faz cheia,
ilumine a minha rua
para que a minha vista nua
guie-me até a areia.

Meu amigo Deus,
que me faz um bem-aventurado,
que está em tudo neste santuário,
a natureza é o seu relicário,
esteja sempre ao lado meu
para que eu nunca caia no breu;
e com estes amigos que me deu
e, por ser você o melhor amigo meu,
enfrento sem medo meu calvário
e nunca me sinto solitário.'"

[size=xx-small][font=Courier]Vejam também as partes I, II, III. Vejam também os meus outros textos, comentem, ficarei feliz em receber comentários.[/font][/size]

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terça-feira, maio 4, 2010 - 20:17

Poesia :

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MaynardoAlves

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Comentários

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Mil torrentes IV (A fé dos nautas)

Uma tentativa do marinheiro de justificar sua decisão pelo exílio e isolamento; a demonstração de que a fé é o que move a vontade humana (sem, obviamente, referir-se à fé religiosa e, sim, à crença de que podemos fazer muito). Deus, aqui, representa a própria natureza, o próprio universo e as leis que os regem.

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Re: Mil torrentes IV (A fé dos nautas)

Bom poema!!!

:-)

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Re: Mil torrentes IV (A fé dos nautas)

Muito obrigado, Henrique!

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