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No palco da vida
Riu-se com os cabelos que tinha na boca
Penteou os dentes com a escova dos fatos
Depilou as unhas com bandas de verniz
A cortiça dos sapatos era apenas uma cunha
Há gente assim, do nome só a alcunha
O ouvido cego viu a própria sombra
O estrabismo juntou-lhe os joelhos
Há gente assim, pior que escaravelhos
Engoliu em seco a maçã de Adão
Chorou de dor o torcicolo da alma
Fantasiou a morte no palco da vida
Os pés vestiu-os com teias de aranha
Ele há gente assim, deveras estranha
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
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Poesia :
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Comentários
Re: No palco da vida
Maravilhoso e fascinante texto.
Re: No palco da vida
"O ouvido cego viu a própria sombra
O estrabismo juntou-lhe os joelhos
Há gente assim, pior que escaravelhos"
E o pior é que rodeiam por todo este palco da vida!
Excelente registo!:-)
beijinho
Carla
Re: No palco da vida
Perfeita observação, seres estranhos são bem mais comuns que nos parece. Grande abraço
Re: No palco da vida
Nanda, até o grotesco soa bem na tua poesia... De facto ha pessoas q não sendo assim, têm uma essencia tão medonha q bem lhes podia crescer cabelos nos dentes!! LOL
Gosto sempre de te vir espreitar, surpreendes sempre!
beijinho em ti
Inês