O Banho

Logo pela manhã
o homem abriu os olhos.
Tirou a camisa e ficou nu.
A nudez lhe agradou
e decidiu despir-se de tudo.
No banho retirou os anéis,
saiu à rua e raspou nos muros de concreto
as mentiras que havia em si.
Foi além.
Desabotoou as mágoas
com o perfume do perdão,
limpou as dores
com a presença da verdade,
esqueceu os vícios
no bálsamo da esperança.
Limpo, mais limpo que o azul do firmamento,
encontrou-se sozinho,
e sorriu.