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perpétuo efémero
Sai! Sai daqui! Sai de dentro! Sai da minha vista!
Sufoco! Um grito contido. Porque não grito contigo?
São minhas as mãos na garganta. É minha, a corda.
Sai! Não te quero ver! Não te vejo. Nunca te vi.
Grito? Tento, não consigo. Não grito contigo.
É essa lâmina na minha garganta. São minhas, as mãos.
Tentativa após tentativa, sempre frustrada.
Nunca feliz. Nunca satisfeito.
Porque não sei o que quero. Nunca sei como sou.
Estou cansado. Farto disto. Cansa-me estar tão abafado.
Liberdade contida. Liberdade falsa. Não era para isto...
Sempre. Sempre a olhar por cima do meu ombro.
Sempre a julgar. Sempre a apontar.
Sempre rodeado de quem não quero
e sempre ausente quem eu quero.
Já não quero. Cansei-me. Cansaram-me.
Ninguém vale nada e valho menos que isso.
A culpa é toda minha. Eu sentir-me assim.
Só eu consigo fazer-me sentir assim.
Isto logo passa. Os outros também têm problemas.
Os outros. Os outros. Os outros.
E eu também tenho.
Os outros sabem do que sofrem.
Eu não sei.
Os outros fazem os possíveis para se libertarem.
Eu não sei do que me libertar.
Eu não sei o que tenho.
Não consigo dizer. Falar. Exprimir.
Fica assim. Vago. Lacónico. Estúpido.
Nunca feliz. Nunca satisfeito.
Não sei o que quero.
Não sei o que tenho.
Isto logo passa.
Logo passa.
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Poesia :
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Comentários
Re: perpétuo efémero
As fronteiras do infinito que só o poeta abrange!
:-)
Re: perpétuo efémero
Há momentos feitos de lágrimas que irrompem pela escuridão da noite que se apodera de nós. Mas há que sobrepor a nossa luz sobre essa escuridão e seguir sempre em frente.
Cumps