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Transito condicionado...
Nasce-me uma vaga de alcatrão na alma,
sou estrada alcatroada de fresco,
ainda quente,
sem ter sido marcada por rodas...
Estou farta e farta e farta e faRTA e FARTA
de ser sinalizada por míopes e cegos
que me metem sempre as placas ao contrario...
Há sempre um condutor bêbado que me viola em contra-mão,
que me julga chão a dobrar e me pisa duas vezes...
Hoje vou desmanchar o armário do meu sentir,
vou fazer um carrinho de esferas e conduzir-me a mim mesma...
Vou pintar o alcatrão de branco,
arrancar os separa(dores) de pranto,
inverter os sinais,
meter portagens e limites de velocidade...
Não vou magoar-me nunca mais,
nem remendar-me...
Ao longo do meu percurso vou colar cartazes
com imagens paradisíacas, para me abstrair
do percurso cinzento que percorri tanto tempo!
Talvez nasçam flores silvestres a dividir
as faixas de rodagem,
talvez cobre abraços como tarifa de portagem,
talvez o branco do alcatrão se canse de ser chão
e aprenda a ser mar...
Talvez eu nunca me arrependa de um dia
ter agarrado o meu volante com as duas mãos,
no meu humilde carrinho de esferas,
que foi armário de tantas esperas e entregas sinceras,
tantas vezes cegas...
Talvez o carrinho se canse e se torne barco à vela,
talvez os cartazes sejam capazes de se tornar realidade!
Talvez...
Um quilometro de cada vez...
Inês Dunas
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Poesia :
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Comentários
Re: Transito condicionado...
Hoje vou desmanchar o armário do meu sentir,
vou fazer um carrinho de esferas e conduzir-me a mim mesma...
Esta é de génia!!!
:-)
Re: Transito condicionado...
Querida.
Quem me dera um milésimo desta sabedoria, um décimo já me valia...
Vim só para te favoritar.
Sentia falta já.
BEIJOS.
Re: Transito condicionado...
Inês,
Conquistando o nosso espaço sempre dentro da lei é o que se consegue lutando um dia de cada vez.
Maravilhosos, como tudo o que é da tua verve.
Beijinhos
Nanda
Re: Transito condicionado...
Duro, cru e meditativo.
A forma como te agarras a um tema e a mestria sempre exigente e perfeita, na analogia de palavras e sentimentos.
Acima de tudo um grito de raiva e revolta...Um não quero mais, em que sugeres igualmente num timbre decidido o caminho a seguir.
Lindissima a construçáo, poderosa e sublime, num grito do Ipiranga pelos mortais ouvido.
Muitooo Boooom!
E o talvez no fim tão dissertativo...
Gosto muito de te ler
Re: Transito condicionado...
Hoje vou desmanchar o armário do meu sentir
...
Não vou magoar-me nunca mais,
nem remendar-me
...
Ao longo do meu percurso vou colar cartazes
com imagens paradisíacas, para me abstrair
do percurso cinzento que percorri tanto tempo!
...
Talvez...
Um quilometro de cada vez...
Traçar o caminho, e percorrer de mãos dadas com a vontade de ser feliz. O importante é tentar, mesmo que a estrada continue a ser sinalizada por míopes e cegos
que metem sempre as placas ao contrario...
Que belo e reflectivo poema Inês
Bj
Nuno
Re: Transito condicionado...
Talvez o carrinho se canse e se torne barco à vela,
talvez os cartazes sejam capazes de se tornar realidade!
Talvez...
Um quilometro de cada vez...
este poema para além de ser uma chamada de atenção ao civismo foi elaborado com muito alegria e perfeição.
os meus parabéns Inês por mais esta beleza.
Um beijo do tamanho do mundo
Melo
Re: Transito condicionado...
Inês,
Poema belo,inquietante,questionador e transformador com tuas belas construções poéticas tão singulares quando diz: "Talvez o branco do alcatrão se canse de ser chão e aprenda a ser mar..."
Adorei!!
Bj.
Suzete.