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A minha vez

De pequenos queríamos todos ser suicidas. Agora queremos ser escritores. Será que existe alguma diferença entre uma e outra cousa? Cada um de nós quer escrever a estória mais demencial de sempre. Uma com amor, drogas, canibalismo e ressurreição. Mas tão só um pode alcançar a perfeição. E esse grande narrador, evidentemente não sou eu. As drogas não me interessam, tal como não me interessam nem o álcool nem o canibalismo. Só posso escrever sobre amor, o amor que sentia pela minha mãe, e ainda sinto agora cada vez que a lembro. Morreu porque assim tinha que ser. Foi uma decisão minha ficar órfão. Queria distinguir-me dos demais escritores criando algo novo. Fiz com que a minha mãe morresse no meu melhor livro, estando a nadar no praia, atravessada por um arpão que um mergulhador disparou ao confundi-la com um golfinho. O mergulhador era eu. Sabia muito bem o que estava a fazer. Queria herdar a fortuna que o meu avô, conhecido banqueiro, acumulou nos seus 82 anos de vida (nem sequer lhe tinham cortado o cordão umbilical e já estava a ganhar dinheiro). O velho agonizava no hospital e eu não estava disposto a esperar tanto tempo até que a sua única herdeira, a minha mãe, morresse nas mesmas circunstâncias. A esperança de vida das mulheres é cada vez maior, e agora o mais normal é que as mães estejam no funeral dos filhos. Eu queria o dinheiro já. Para quê esperar tanto tempo por algo que pode nunca chegar?
Nos meus tempos de juventude a minha única paixão era o futebol; e o Celta, que ainda o segue sendo, era a equipa dos meus amores. Naquela altura não tinha carro e para poder ir vê-lo jogar ao estádio tinha que ir de autocarro. O problema era que não tinha como voltar de Vigo, já que à noite, quando acabavam os jogos, não havia transporte público até a Adina. Tinha que conformar-me com vê-los na televisão.
Sorte tive quando foi o Celta-Benfica da UEFA, em que um amigo do meu irmão, que também queria ir, me convidou. Há alguém que ainda não saiba como acabou o jogo? 7-0 para o Celta. Formidável. Íamos ganhar a taça porque com aqueles jogadores era possível qualquer coisa.
Voltando a casa, perto de Ponte Vedra, disse-me o amigo do meu irmão que como fora tão boa a vitória havia que festejá-la com putas. Eu, que achava que estava a brincar, disse que sim, que era boa ideia. Mas finalmente descobri, quando virou à esquerda entrando na cidade, que a coisa era séria e que íamos parar na rotunda das putas, assim que, tentando evitá-lo, disse-lhe que já era tarde e não fazia sentido. Ele perguntou-me se era maricas, e eu, que o era, e ele também parecia sabê-lo, neguei-o. «Então um pouco de diversão antes de ir dormir não nos vai fazer mal. Só que não tenho muito dinheiro e não vai dar para os dois. Hoje pago eu e fodes tu. No próximo jogo devolves-me o favor». Parámos na rotunda e mandou entrar a uma das mulheres, que de início se recusava a entrar com dois homens. Não fazia serviços em grupo, disse. «Só vai ser para mamar a piça do meu amigo. Vamos mais para adiante e eu fico no carro. Vai ser rápido. Eu não vou intervir e não vou nem olhar».
Fomos para a parte de atrás do carro e, nervoso e sem motivação, despi-me de cintura para baixo à espera de que aquilo acabasse o mais rápido possível. A mulher, vendo que a minha piça não se punha dura perguntou se não gostava dela. «Claro que gosto, só que estou um pouco nervoso porque é a primeira vez que me fazem isto». Da parte de diante chegou um riso. Tinha esquecido que nos estava a ver o amigo do meu irmão. Excitei-me ao sentir-me observado e por fim deram-se as condições para que a menina pudesse fazer o seu trabalho. Fechei os olhos e deixei-me levar. Gostei muito, embora não sentisse nenhuma atracção por quem mo fez.
Saímos dali e não voltámos a falar até passados uns 12 km, em que parou o carro porque queria fumar. «Não fumas verdade? Imagino que não. Devia oferecer-te um cigarro antes. Depois de um momento de prazer o que se faz é fumar. Tu és muito novo ainda para perceber estas coisas». Acabou o cigarro e olhou para mim sorrindo. O seguinte que fez foi descer o fecho das calças, meter a mão e tirar a piça para fora. «Agora é a tua vez», disse-me. E eu assustado aproximei-me da porta, tentando fugir dele naquele espaço reduzido. «Como é? Eu levo-te ao futebol, pago o teu bilhete, levo-te de volta a casa, pago-te uma puta para que aprendas a mamar, e tu não mo queres agradecer?».

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terça-feira, julho 16, 2013 - 15:23

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luispirucha

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