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Triste, podre, despedaçado e sem futuro
Assim é como me sinto agora. Tentei pintar o mar, coisa que me fascinou desde pequeno. Queria... Queria o de sempre, abandonar a figuração e só criar abstracção. Na minha cabeça é tudo perfeito, e como assim o sinto aventuro-me a pintar. Gosto do que estou a fazer, mas sei que só gosto porque é meu. Mas depois penso que só é merda que não serve nem para decorar uma sala de estar. Começo coa terceira obra e já estou de volta na figuração. Dói-me tudo e sento-me no chão para lamentar-me do mau que sou enquanto que olho essas telas. Finalmente essa coisa que se apropria do meu corpo, e há quem diga que é inspiração, volta a manifestar-se. O resultado? Mais dous auto-retratos e os ténis manchados de pintura depois de utilizá-los para estender a pintura nas telas. O conto de sempre com o mesmo final infeliz.
A vida continua e aparecem sempre novos caminhos que nos fazem recuperar a esperança. Eu encontrei na escrita a salvação. Agora quero alcançar com a palavra essa abstracção que que me nega a pintura. Escrevo muito e para buscar inspiração e dicas sobre como escrever vou à livraria para analisar os livros. Realmente o que me interessa é ver se têm muitas páginas.
Depois duma sessão de livraria saí à rua e reparei num homem que estava a olhar para duas raparigas que estavam agarradas pela mão. O homem levava um casaco comprido e percebi que estava a mexer as mãos como se estivesse a tocar os genitais. Era uma imagem excitante, mas rapidamente voltei a mim mesmo e fui falar com ele para reprovar a sua atitude.
-Senhor! O que está a fazer é nojento.
-Desculpe?
-Sim, vi que está a tocar-se enquanto olha para essas meninas. Você é um porco.
-Eu? Não estou a fazer tal coisa.
-Agarrei-o pelo pescoço e ele disse-me:
-É inveja!
-Inveja de quê?
O homem tirou as mãos dos bolsos e disse:
-Inveja porque elas têm mãos e eu não. Nasci sem mãos e não sei o que se sente indo agarrado da mão da pessoa que amas.
Soltei-o e voltei para casa, pensando nessas palavras que me tinha dito. Eu também não sei o que é ir da mão da pessoa amada. Sempre fui rejeitado. É uma das desvantagens de ter nascido feio e sem graça. Já na cama comecei a pensar naquelas moças e no interessante que seria não ter mãos e meter um braço na cona de cada uma, ao mesmo tempo.
A vida continua e aparecem sempre novos caminhos que nos fazem recuperar a esperança. Eu encontrei na escrita a salvação. Agora quero alcançar com a palavra essa abstracção que que me nega a pintura. Escrevo muito e para buscar inspiração e dicas sobre como escrever vou à livraria para analisar os livros. Realmente o que me interessa é ver se têm muitas páginas.
Depois duma sessão de livraria saí à rua e reparei num homem que estava a olhar para duas raparigas que estavam agarradas pela mão. O homem levava um casaco comprido e percebi que estava a mexer as mãos como se estivesse a tocar os genitais. Era uma imagem excitante, mas rapidamente voltei a mim mesmo e fui falar com ele para reprovar a sua atitude.
-Senhor! O que está a fazer é nojento.
-Desculpe?
-Sim, vi que está a tocar-se enquanto olha para essas meninas. Você é um porco.
-Eu? Não estou a fazer tal coisa.
-Agarrei-o pelo pescoço e ele disse-me:
-É inveja!
-Inveja de quê?
O homem tirou as mãos dos bolsos e disse:
-Inveja porque elas têm mãos e eu não. Nasci sem mãos e não sei o que se sente indo agarrado da mão da pessoa que amas.
Soltei-o e voltei para casa, pensando nessas palavras que me tinha dito. Eu também não sei o que é ir da mão da pessoa amada. Sempre fui rejeitado. É uma das desvantagens de ter nascido feio e sem graça. Já na cama comecei a pensar naquelas moças e no interessante que seria não ter mãos e meter um braço na cona de cada uma, ao mesmo tempo.
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terça-feira, julho 16, 2013 - 15:52
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