CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
ESPÍRITO DO DAR
Em forma de recordar que o Natal é todos os dias, conto-vos um dos meus Natais:
Hora zero de uma noite fria, acalentada pelo brilho de enfeites luzidios, que reflectem o piscar multicolor de sustentáculos cintilantes como se estrelas fossem, iluminando a noite numa bonança, que pernoita diante de um sublime manto branco de neve, todo pintado a gelo.
A alegria vagueia pelas ruas sem deixar pegadas, flutuando um silêncio interrompido por uma sinfonia de emoções, escutando melodias que tilintam no espaço e no ego o espírito do Dar!
Ao olhar através da vidraça que expunha a rua nessa noite, encontrava-a trajada de encantamento, como sucedia em todas as ruas, encontrei-a coberta por um costume de mil pigmentações em combinações de paz e concordância!
Eu estava solitário, vigilante e submisso a este deslumbramento que só a alma entende, a qual nos transfere no bater do coração.
Ao ecoar a décima segunda badalada dessa noite gélida, escutei o ranger da minha porta, uma voz de silêncio que já havia ousado mostrar-se, proferiu à minha mente:
- Sou o Dar, esquecido pelos povos trezentos e sessenta dias por ano, tenciono esta mácula desabafar.
Não sei se hipnotizado ou se havia enlouquecido, mas abstraí a minha mão a regular-se pelo Dar e, ortografei o seu desabafo descontente e tão penetrante, que se podia escutar o pesar que me ditava:
- Sou feto concebido no ventre do vosso carácter, sob a forma de um sentimento que dais à luz num costume de horas contadas num impar. Deveis cortar ao Dar o cordão umbilical, e deixá-lo coabitar menino a crescer em vós, dando-me voz todos os dias do ano.
Dar, deambulava na minha alma à procura de se libertar, ou de juntar-se com o seu irmão - Receber - na aberta de uma consciência que soltamos numa comoção, que manifestamos quando dissolvidos na áurea Natalícia que nos transmuda a moral, superabundante de uma pobreza de afirmação humana, conquistada pela razão.
Sem senão, o nosso ser quer partilhar o receber com o Dar.
Dar, passou o tempo à janela do meu olhar, presente num estender a mão a quem não espera por nós e, de nós carece como alimento à esperança desaparecida, na fome de um contentamento, evacuada numa lágrima que inunda um rosto de solidão e esgotada num clamor mudo em demanda de paz.
Dar, brinca no nosso sorriso quando sorrimos despretensiosos, intencionados a ajudar sem imodéstia, numa troca de emoções compartilhadas num pranto de alegria.
Como suspiro de satisfação, entregue por veneração a um fascínio natural sem ilusionismos ao obséquio de ser gente.
Dar, é uma criança que se agiganta adulto nas nossas carências ou aptidões, de receber sem anseio o beijo do sorriso de uma criança, abrilhantado num olhar que agradece inocente a nossa melhor oferenda, agasalhada de quentura despretensiosa, dádiva de amor humano.
Dar, está aceso em nós, quando sabemos receber o dar de alguém.
Dar, não se dá, partilha-se cedendo o que recebemos, um olá num olhar sincero, a carícia de uma mão sem interesse, um beijo que não impõe retorno numa oferta que não aguarda restituição, um sorriso de uma cooperação autêntica, um abraço que compreende a adversidade de qualquer um, o interiorizar uma palavra graciosa, o aceitar da incorrecção e imperfeição do comparável simples mortal.
De repente, acordo recheado de existência em mim, sobre um papel manuscrito sem memória, e já o Sol da manhã me dava um benéfico dia.
Sem saber se havia devaneado, sentia-me desconforme por algo que me havia alegrado o profundo do meu ser, soberbo pela mensagem do Dar.
Considerei estar demente, mas não.
O espírito do Dar murmurou para mim, e lá estava eu, na vidraça, enxergando a minha rua trajada pela claridade do Sol, fazendo jus à concórdia de um mundo por sensibilizar.
Elevo-me, em harmonia e entorno meu olhar lá para fora.
Vi-a, agora a minha rua guarnecida de crianças, turbulentas de júbilo, arrojadas de glória, inábeis de ocultar a sua transparente e radiante felicidade.
- É o Dar! É o Dar! - Ouviu-se…
Submited by
Prosas :
- Se logue para poder enviar comentários
- 2255 leituras
other contents of Henrique
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Paixão | ARTESÃ DE CHAMAS DE AMOR | 9 | 5.051 | 02/05/2010 - 19:27 | Português | |
Poesia/Meditação | QUANTO MAIS SEI, MAIS SEI QUE NADA SEI | 10 | 3.623 | 02/05/2010 - 19:22 | Português | |
Poesia/Meditação | FOME HUMANA | 9 | 1.802 | 02/01/2010 - 14:56 | Português | |
Poesia/Dedicado | A MULHER É UMA FLORESTA | 4 | 1.318 | 01/31/2010 - 20:35 | Português | |
Poesia/Aforismo | SÓ HÁ UMA COISA MELHOR QUE AMAR | 5 | 998 | 01/31/2010 - 18:06 | Português | |
![]() |
Fotos/Pessoais | UMA FLOR PARA O MEU AMOR | 1 | 3.745 | 01/31/2010 - 13:41 | Português |
Prosas/Pensamentos | ELOGIO | 2 | 3.951 | 01/29/2010 - 23:04 | Português | |
Poesia/Meditação | PREVALÊNCIAS EM TRANSE | 2 | 3.479 | 01/28/2010 - 20:11 | Português | |
Poesia/Amor | QUANTO TE AMO! | 4 | 766 | 01/27/2010 - 17:57 | Português | |
Poesia/Fantasia | ESTÁTUA DE SEQUIDÃO | 3 | 949 | 01/26/2010 - 19:28 | Português | |
Poesia/Tristeza | ERECTO AMOR AUSENTE | 4 | 2.559 | 01/23/2010 - 11:52 | Português | |
Poesia/Meditação | INACABADO CORPO DE GNOSE | 2 | 947 | 01/23/2010 - 00:59 | Português | |
Poesia/Amor | TRAZES AMOR NO TEU VENTO | 2 | 2.099 | 01/23/2010 - 00:56 | Português | |
Poesia/Geral | O POETA É UM SER MIL | 7 | 3.867 | 01/19/2010 - 20:23 | Português | |
Prosas/Contos | Manuel, o velhinho | 1 | 3.979 | 01/18/2010 - 23:47 | Português | |
Poesia/Amor | NUDEZ DE AMOR SOL | 5 | 1.634 | 01/16/2010 - 16:20 | Português | |
Poesia/Fantasia | ARESTA POÉTICA | 2 | 1.457 | 01/15/2010 - 01:50 | Português | |
Poesia/Gótico | HISTERIA | 3 | 1.997 | 01/13/2010 - 11:43 | Português | |
Prosas/Pensamentos | SONHAR É COMO ANDAR DE BICICLETA | 2 | 5.155 | 01/11/2010 - 13:29 | Português | |
Poesia/Paixão | O MAR NA TUA VOZ | 5 | 2.484 | 01/11/2010 - 11:30 | Português | |
Poesia/Tristeza | GRITOGRAFIA | 4 | 4.952 | 01/10/2010 - 23:10 | Português | |
Poesia/Meditação | CAOS VERTEBRADO | 4 | 3.117 | 01/08/2010 - 18:34 | Português | |
Poesia/Fantasia | XAILE DE VENTO | 3 | 1.195 | 01/07/2010 - 04:52 | Português | |
Poesia/Gótico | VALHA-ME DEUS | 5 | 2.153 | 01/06/2010 - 14:15 | Português | |
Poesia/Amor | VEM, VAMO-NOS AMAR | 4 | 2.288 | 01/04/2010 - 19:14 | Português |
Add comment