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Esta e Aquela, Isto e Aquilo
A matemática da vida deriva de toda a matemática que a cria ou recria. Para construíres, precisas de mais de uma peça. Precisas de duas, no mínimo. A partir daí podes começar por onde quiseres, da forma como bem entenderes. Ou então, podes ter a sorte de alguém começar por ti. Quero construir, mas preciso que faças parte. Pronto. Alguém decidiu. Mas não basta. E é por isso que a matemática, em si, não é suficiente, mas é necessária. E se ela é necessária, inerentemente, se queres construir podes não ter de procurar, mas tens no mínimo de aceitar. Todos os vagos relacionados com eu não quis, eu não contei, eu não sabia o que estava a acontecer; todos eles são falsos. Há sempre, no mínimo, duas parcelas. E o não saber não conta. Ou melhor, conta como zero. E nada se consegue com nada. Há tanto num nada dito. Eu não fiz nada, mas pensei. Ora bem, um nada pensado é como um zero depois de um algarismo. É acrescentar. É bem mais do que nada. Mas enfim, meras confusões de palavras que tentam embelezar; embelezar que não parte de nada. O problema desta forma de se fazer matemática é que, numa tentativa de nada se fazer, se perde muito daquilo que era um zero depois de um algarismo. Há um retirar sem dar. Portanto, mudamos algo sem somar. E isto torna tudo mais complexo e doloroso. Parecia embelezar, mas no fim do dia, só nos deixa menos do que éramos no início. Não sei o que aconteceu. Se nada houve, como parece ter mudado tanta coisa? Porque, como já disse, nada é nada, na sua vertente mais literal e pura. Estamos a retirar-lhes coisas. Nem que seja a alegria. Tanto esforço para retirar! É este pensar complexo que tanto dá tanto, para as coisas certas, como retira mais ainda para as coisas erradas. Para isto e para aquilo, poderá ser inclusivamente fatal. Os irónicos e hilariantes simultâneos desta forma de se fazer matemática são aqueles que contribuem para o resultado ser aquele que desejamos; isto é, são aqueles que nos fazem retirar coisas. Depois de retirar, podemos dar mais do que havia. O problema é que retiramos muito, de muitos, para não devolvermos mais do que muito, aos mesmos ou a alguns desses muitos. E fica assim. E pior. Quando retiramos daquele, retiramos deste, e estagnamos. Estagnamos porque não sabemos lidar com subtrações. Não sabemos construir. E vai-se criando uma ilusão acerca da matemática da criação. Não esqueçamos que ainda faltam parcelas necessárias para o suficiente da construção. É tão confuso e difícil. Pois é, mas já experimentaste somar? Mas como? Com o lápis, com os dedos, com pequenos cubos? Não, somar na vida. Somar não é sempre a mesma coisa? Não, como pode ser sempre a mesma coisa se foram criados números positivos, negativos e alguns que representam o nada? Pois, mas aprende-se da mesma forma. Retiras ou somas mais? Mas isso já não é uma soma? No fim, sejam com números negativos ou positivos, é sempre tudo uma junção, tens razão. Portanto, somo mais. Se é uma junção, ainda estás numa das parcelas; podes continuar a acrescentar nesta ou então podes fechar o parêntesis e introduzir uma nova. Mas envolve tanto esforço… Sim, ainda mais sendo provável que se volte a fechar. Bem, tu é que sabes. E tu, o que sabes? Não sei. Então, e agora? Ficamos com o lápis na mão? E o papel está em branco? Não, nesta parcela não; mas nesta parcela há muita coisa que não se sabe. Então, coloca zeros. Não deixes de escrever. Porquê? Bem, porque já é bom estarmos a escrever no mesmo papel. Talvez não seja tão necessário para o suficiente esta paragem. Entendi. Mas queres? Alguma coisa sei que quero, já te falei do nada? Sim, bastante. Porque nada é diferente de zero na matemática. Isso. Pensas muito no nada? Penso muito no tudo que é o nada e no facto de não saber ser nada. Pareces triste. Queria ser como tu. Não compreendo. A verdade é que penso muito sobre ti e na facilidade da tua construção. Sim, eu gosto de zeros. Não te importas? Talvez, mas alguém tem de estar aqui. E o querer? Não preciso do querer se gosto. Mas era melhor se gostasses de querer e o tivesses. Pois, mas eu não sou matemática, nem conheço todas as parcelas; se soubesse o que queria, procurava apenas pelas parcelas que conheço, juntava-as e tinha tudo. Mas afinal …? Afinal, nada.
Bruna Pinho
01-05-2014
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