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Superfície
Superfície lisa envolta por uma bruma leve. Solta em pequenos pedaços como se se tratasse de um retalho ao vento. Se suspirava, ela tremia. Se chorava, ela molhava-se. Se gritasse, ela quebrava. Mas se amasse… Ela continuaria em pedaços. Esperava que o amor fosse algo mais resistente, mais largo do que estreito, mais doce do que amargo. Esperava que chegasse e ficasse. Mas nem sequer sei se algum dia chegou. Se há coisas que não percebo, como poderei perceber que é mesmo amor que sinto? Serás tu mesmo aquela pessoa que penso que és? Julguei reconhecer algo especial em ti, alguma coisa mágica que me despertasse, mas temo que esteja a iludir-me. Magia é algo criado, inventado, original mas falso. Especial? Há tanta gente no mundo considerada especial. Mas para mim o que é ser especial? Sim, porque ser especial para mim é o que é suposto contar. Porquê tu? Porquê eu? E porque não apenas eu? Será que fui eu? Tenho de voltar para trás. Chegaste, ficaste ali. Quem foi? Fui eu. Mas tu não, já lá estavas. Mas por lá estares tenho de ser eu a regressar? Regressar para onde? Será que poderei regressar até onde penso ter chegado? Ou apenas regressar até onde chegámos? Sim, estou cheia de dúvidas e não poderei esclarecê-las porque tu estás lá, num local onde não estou, com pessoas que não eu e ainda sem perceber se sou eu. Porque eu não sei se serei eu. Por agora, não sou eu de certeza. E então? Fico aqui sem saber porque sou estúpida ou porque quero respeitar algo já respeitado? É suposto intrometer-me no teu nós? Não sei porque razão absurda pensei que poderia ser eu. Não há motivos, não sou diferente, não sou mágica porque também não sou falsa. Não sou especial porque estou no meio do mundo e ninguém sabe o meu nome. Mas espera, para ti, serei especial? Acho que sou a única com estas dúvidas, daí que tenha de perceber que eu e tu somos duas pessoas individuais, que se cruzaram, mas foram. Tu ficaste aí, eu provavelmente viajei para onde tu não estás. Sim, estou sempre a viajar. Longe, longe da realidade. A superfície já não está tão lisa assim. Enrugou-se pelo tempo. De tanto chorar, de tanto soprar, de tanto amar dei por mim a arranhar-te. Não sei bem se poderei pedir desculpa a mim mesma. Não aprendi isso ainda. Mas se voltares, se eu voltar também, espero que me digas que sou eu. Caso isso não aconteça, terei de deixar-te. Sim, terei de deixar-te. Mesmo que me olhes, vou ter de ir embora. A corda do olhar não será suficientemente comprida para me segurar, era capaz de percorrer o mundo inteiro se eu quisesse, mas quando te digo que não, não é mais comprida que um centímetro. A verdadeira questão é que não te direi não a ti mas a mim mesma, e lá continuarei a arranhar a superfície. O problema é que já estavas destinado a arranhar-me ou a fazer com que me arranhasse. E eu sabia, mas lá está, deixei que a corda ficasse demasiado comprida. Eu. Portanto, espero ser eu. Para que a minha culpa se torne mais leve e para que a corda continue a prender-me, ou então não. Não sei.
Se eu sorrisse, os pedaços riam também e iam-se juntando aos poucos. Mas e se sorrisse por amar?
Queres cortar a corda?
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