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Não sei se te renego

Quando é que vais acordar para ti e veres as estrelas que pintaste nesse céu cinzento repleto de mágoa e dor. Quanto brilho deste ás palavras que emolduraste em sorrisos de sinceridade fingida. Quando é que vais deixar de tropeçar nos outros para fazeres o teu caminho. Esta foi a rota que escolheste, andaste ás voltas com as mentiras, inventaste para não subires ao mais alto degredo que se espelhou em ti. Porquê eu? Não sei quantas palavras disse, quantos sonhos desenhei naquele tumulto de emoções que para mim eram verdadeiras. Quem foste tu afinal? Quem és tu? Já nem eu sei o que sou depois de tudo isto. De todos os disfarces, poeiras, brisas de vento que rasgam a minha pele a cada dia como se fossem farpas pintadas de vermelho sangue deixo-me cair na minha própria tentação de continuar apesar de tudo . Deixei-me levar pela tua “verdade” que mais tarde descobri ser a mais meticulosa das mentiras. Já não me reconheço. Sei que me tornei mais ferida, mais arredia, e fugidia. Fujo de pessoas como tu. Não vais conseguir. Porque eu fui a verdade que tu não conseguiste aguentar. A honestidade imersa na sinceridade quente que te beijou os lábios e que disse que te amava. Enganaste-me. Disseste-o primeiro até. Lembro-me de pensar bem antes de dizer a palavra mágica que torna tudo mais sério, mais real. Mas disse. Amo.te com todas as letras e perfeita de sentimento. Fui fiel ao que sentia. O medo não foi embora. E ele teve razão para permanecer em mim. Não sei se te renego. Sei que não te quero. Gostava que não te escondesses atrás dessa cobardia que te implora para ficares. Ficares assim achado em ti, nas tuas novas opções. Gabo o facto de pisares os outros e conseguires seguir em frente. Quando piso alguém, tremo. Volto atrás. Penso e repenso e caio no meu erro. Ás vezes é tarde demais para pedir desculpa. Mas pelo menos a minha consciência pesa. Pesará a tua? Acho que não, és demasiado frio e leviano para sentir o peso da mentira no teu coração. Remorsos não terás ,porque não tê sentes culpado. Vives num trapézio com rede. O meu nunca teve rede, nem braços para me agarrar. Sempre fui assim, vivi tudo ao máximo, se cair caí mas sei que fui para além de mim. Agora só me quero levantar. Preciso de força para te perdoar, por agora só te consigo odiar a todas as horas a todos os minutos. Finjo que esqueci para me poder erguer nos dias que correm sublimes aos meus olhos tristes. Sorrio porque ainda sei sorrir. Vou sempre sorrir. Porque a minha vida não é isto. Porque tu não és a minha vida. Sei que se parasse de sorrir, morria. No dia em que não achar piada a nada, mato-me. Quero morrer sorrindo. Quero continuar a viver rindo. Se choro é porque sinto. Tu não sentes. Tu finges que te magoa. A mim queima. A ti aquece, apenas aquece mas não marca. A mim marcou e não foi embora. Ficou para me lembrar que a vida não é cor de rosa como eu queria tanto pintá-la. A minha agora está em branco, um branco vazio que atropela as minhas tentativas de lhe dar alguma cor, de lhe dar fantasia. Já não sou sonho, sou realidade. Realidade que me corres nas veias vazias de sangue quente. Tornei-me fria. Prefiro não parar, porque se paro penso. Se penso, vou voltar ao circulo em que me fechaste. Não te quero em mim.

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quinta-feira, dezembro 8, 2011 - 00:34

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Ana Salustiano

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