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O Retrato - Capítulo VI
VI
"João tivera um dia extenuante. Parecia que o mundo inteiro se tinha unido para lhe dificultar a vida.
O dia começara com um furo na carrinha quando se dirigia à quinta do Dr. Pereira em Lordelo e acabara com o parto da Fifi, a gatinha Persa da Sra. Dona Maria Felismina, que teve que ser posta fora da clínica, não fosse o pobre animal ficar sem tímpanos com os gritinhos histéricos da dona.
Só lhe apetecia chegar a casa, tomar um longo e relaxante banho e dormir durante um ano, ou talvez mais. Infelizmente o destino tinha outros planos para ele.
Quem lhe dissera que ser veterinário era só andar de batinha branca ou pijama cirúrgico dentro duma clínica imaculadamente esterilizada? Ser veterinário é muito mais do que isso.
É ser motorista, atleta, montanhista, filósofo, jornalista. É ter um relógio biológico sem pilhas, horas de sono atrasadas e milhares de noites mal dormidas. Ser veterinário é ter no coração o orgulho de salvar vidas.
A vida de veterinário era difícil, mas ele era o que se podia chamar um homem feliz.
Aos quarenta e seis anos, era um conceituado veterinário de província! Tinha os clientes mais importantes da região. Sendo o destaque para a Tia Filomena, que fazia uns bolinhos de bacalhau de se lhes tirar o chapéu.
Ainda não acabara de dar a volta à chave da porta de casa, quando ouve um familiar mugido. Com um suspiro exasperado, tira o telemóvel do bolso para ver quem lhe ligava. Se fosse aquela mulher histérica outra vez, jurava que enfiava o telemóvel dentro da caixa de areia do gato. Parecia-lhe que ainda, agora, sentia um certo zumbido esquisito nos ouvidos.
No entanto, o visor do telemóvel mostrava-lhe o nome de Marta piscando freneticamente.
- Estou. - atendeu com o seu habitual tom sério.
- Olá tio. Tudo bem? - apesar da aparente calma nas palavras, João conhecia suficientemente bem a sobrinha para saber que algo se passava.
- O que é que se passa?
- Nada. Olha posso ir aí ver o Pirata?
- Claro que sim, que pergunta! - o tio sorriu para sim próprio.
Conhecia muito bem aquele velho troque de Marta. Desde pequena, sempre que esta queria fugir a algo ou alguém, pedia-lhe para ir ver o velho e obeso gato. Aí, em sua casa, sabia estar segura das perguntas indiscretas de quem quer que fosse. Ali estava segura, até de si própria."
(in O Retrato - Autora: Luzia Gomes - Corpos Editora)
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