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O VÉU EM CHAMAS
Toda a certeza é efêmera. Toda razão é um presságio. Todo o sentimento é concebido na dúvida. Portanto, ao concordar em compartilhar o momento com outra pessoa, jamais imaginaria que sua vida pudesse ser alterada a ponto de não mais conhecer-se. E sendo correta e altiva, autêntica e forte, toda a fortaleza de seu ser não pode suportar aquelas notas, aquele olhar e aquele toque.
Ao primeiro toque dos dedos dele, percebeu que não poderia resistir por muito mais tempo e, tampouco, acalmar a fera dentro de si. O sutil equilíbrio entre a existência e o acaso havia sido deposto por um bilhão de sensações desconexas. Talvez fosse a bebida. Mas o fato era que, quando aqueles braços a envolveram, todo o frágil equilíbrio que existia acabou desaparecendo naquele instante. Não conseguia controlar o turbilhão de emoções. Sua mente estava confusa: um misto de medo, culpa, prazer intenso. Sua coordenação já não existia e, tampouco, conseguia controlar os pensamentos que lhe brotavam. Em um segundo estava abraçando aquele homem, apertando-o contra o seu próprio peito tentando fazer com que se fundissem em uma única criatura ou então, a reconhecer o desespero em tentar entendê-lo como seu. A cada toque, a ânsia aumentava em uma escala exponencial. Já havia se tornado parte de um projeto maior, quase que em um estado de onipresença, estando conectada ao universo e conseguindo ler os pensamentos do amante.
Aos poucos, como que em um lento processo, percebeu suas estruturas sendo movidas: estava sendo tomada por um estado superior a tudo que havia experimentado. Entre a cadência dos beijos, entre o toque profano dos lábios, cada segundo contava como uma eternidade bem vinda. Deixou de cogitar qualquer resistência. E, entre tantos júbilos imaculados, surgiu-lhe uma possibilidade, ainda que remota, de conduzir tudo aquilo. E então, subitamente, sentiu uma língua a tocar seu pescoço e, vagarosamente, a percorrer seu corpo. Completamente entregue à situação, ainda tentou, num ultimo esforço, encontrar um ponto de referência. Mas não havia nada táctil, nada mensurável dentro daquela esfera energética. Deixou-se dominar, como qualquer fêmea deixaria: resignando-se e tentando antever o próximo momento.
Então, no instante em que a língua encontrou seu destino, ela deixou que um grito escapasse. Não era dor, não era repulsa. Era apenas prazer. Um sentimento há muito contido e esquecido. Talvez pelo fato de nunca ter sido amada feito mulher de verdade. Talvez por nunca ter sabido escolher o par perfeito ou porque achou isso levada a um sem número de razões enganosas. Pois, a própria razão, quando pode ser substituída pela volúpia, desfaz quaisquer lembranças de sua vida passada e também promove a substituição de todos os sentidos. Mesmo sendo estes, provas irrefutáveis de uma adoração beirando a insanidade. Loucura ou paixão, suas ínfimas preocupações desapareceram por completo a medida em que a febre aumentava. Agarrou aquela cabeça entre suas pernas, como se fosse em um sentido inverso à criação. Queria cada vez mais, ainda que o mundo desintegrasse, ainda que o “acreditar’ não passasse de mera conjuntura, ainda que a relação espaço/tempo/corpos fosse um engodo para que todos os sentidos conhecidos fossem canalizados para dentro de sua mente enquanto que pequenos deuses bailavam entre os lençóis revirados.
Quanto mais sua vida era alterada feito argila nas mãos de um mestre artesão, mais deixava-se levar por tudo aquilo: sentia que era acariciada por mil línguas, mil dedos. Entre gotas de cristal que brotavam de sua face. Não havia nomes, nem tampouco números dentro do lindamente complicado mecanismo quântico da entrega. Na desordem, no caos que estabeleceu, presenciou o momento que seu homem a tomou novamente e a possuiu. Sentiu todo o ímpeto masculino dentro de si, num ritmo cada vez mais forte, num frenesi de carne, bocas, lábios e sexo. Até que, quase desfalecendo, provou todo o universo em um jato que lhe arrebatou, tal qual um jorro de estrelas, percorrendo todo o seu âmago. Agora ela era o universo em transe. Dona de seus próprios limites, segurando o aquele corpo para si ainda mais um momento, enquanto sentia a respiração alheia desacelerar. Até que deixou que ele se fosse, abandonando o espaço que era seu. Os olhos pesavam e o corpo reclamava descanso. O tempo nada mais era do que uma teoria mal explicada.
Ao primeiro toque dos dedos dele, percebeu que não poderia resistir por muito mais tempo e, tampouco, acalmar a fera dentro de si. O sutil equilíbrio entre a existência e o acaso havia sido deposto por um bilhão de sensações desconexas. Talvez fosse a bebida. Mas o fato era que, quando aqueles braços a envolveram, todo o frágil equilíbrio que existia acabou desaparecendo naquele instante. Não conseguia controlar o turbilhão de emoções. Sua mente estava confusa: um misto de medo, culpa, prazer intenso. Sua coordenação já não existia e, tampouco, conseguia controlar os pensamentos que lhe brotavam. Em um segundo estava abraçando aquele homem, apertando-o contra o seu próprio peito tentando fazer com que se fundissem em uma única criatura ou então, a reconhecer o desespero em tentar entendê-lo como seu. A cada toque, a ânsia aumentava em uma escala exponencial. Já havia se tornado parte de um projeto maior, quase que em um estado de onipresença, estando conectada ao universo e conseguindo ler os pensamentos do amante.
Aos poucos, como que em um lento processo, percebeu suas estruturas sendo movidas: estava sendo tomada por um estado superior a tudo que havia experimentado. Entre a cadência dos beijos, entre o toque profano dos lábios, cada segundo contava como uma eternidade bem vinda. Deixou de cogitar qualquer resistência. E, entre tantos júbilos imaculados, surgiu-lhe uma possibilidade, ainda que remota, de conduzir tudo aquilo. E então, subitamente, sentiu uma língua a tocar seu pescoço e, vagarosamente, a percorrer seu corpo. Completamente entregue à situação, ainda tentou, num ultimo esforço, encontrar um ponto de referência. Mas não havia nada táctil, nada mensurável dentro daquela esfera energética. Deixou-se dominar, como qualquer fêmea deixaria: resignando-se e tentando antever o próximo momento.
Então, no instante em que a língua encontrou seu destino, ela deixou que um grito escapasse. Não era dor, não era repulsa. Era apenas prazer. Um sentimento há muito contido e esquecido. Talvez pelo fato de nunca ter sido amada feito mulher de verdade. Talvez por nunca ter sabido escolher o par perfeito ou porque achou isso levada a um sem número de razões enganosas. Pois, a própria razão, quando pode ser substituída pela volúpia, desfaz quaisquer lembranças de sua vida passada e também promove a substituição de todos os sentidos. Mesmo sendo estes, provas irrefutáveis de uma adoração beirando a insanidade. Loucura ou paixão, suas ínfimas preocupações desapareceram por completo a medida em que a febre aumentava. Agarrou aquela cabeça entre suas pernas, como se fosse em um sentido inverso à criação. Queria cada vez mais, ainda que o mundo desintegrasse, ainda que o “acreditar’ não passasse de mera conjuntura, ainda que a relação espaço/tempo/corpos fosse um engodo para que todos os sentidos conhecidos fossem canalizados para dentro de sua mente enquanto que pequenos deuses bailavam entre os lençóis revirados.
Quanto mais sua vida era alterada feito argila nas mãos de um mestre artesão, mais deixava-se levar por tudo aquilo: sentia que era acariciada por mil línguas, mil dedos. Entre gotas de cristal que brotavam de sua face. Não havia nomes, nem tampouco números dentro do lindamente complicado mecanismo quântico da entrega. Na desordem, no caos que estabeleceu, presenciou o momento que seu homem a tomou novamente e a possuiu. Sentiu todo o ímpeto masculino dentro de si, num ritmo cada vez mais forte, num frenesi de carne, bocas, lábios e sexo. Até que, quase desfalecendo, provou todo o universo em um jato que lhe arrebatou, tal qual um jorro de estrelas, percorrendo todo o seu âmago. Agora ela era o universo em transe. Dona de seus próprios limites, segurando o aquele corpo para si ainda mais um momento, enquanto sentia a respiração alheia desacelerar. Até que deixou que ele se fosse, abandonando o espaço que era seu. Os olhos pesavam e o corpo reclamava descanso. O tempo nada mais era do que uma teoria mal explicada.
Os franceses chamam o orgasmo de “La petit Mort”, ou seja: a pequena morte. Pois significa dar-se um pouco, entregar a sua vida ao outro. Pois toda a certeza é efêmera e toda a razão, um presságio. Todo o sentimento nasce na dúvida e, mesmo sendo correta e altiva, autêntica e forte, toda a fortaleza de seu ser não pode evitar que, naquela noite, ela viesse a morrer um pouco. Afinal, a noite também morre nos braços de um novo dia.
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sexta-feira, agosto 23, 2013 - 10:41
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