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Pica...

Ele passou por ela, calcando a terra com a força que lhe era característica, nem a olhou nos olhos, nem a olhou sequer…
Ela tinha aquela inocência perigosa que se adivinha gostar de amar e mesmo sem o saber, porque nunca tinha olhado o mundo com a atenção de o saborear entre as pernas, sentiu-se estremecer por dentro… Sentiu um rubor permeável a atravessa-la de cima a baixo, como se cada poro da sua pele fosse um pequeno tentáculo com uma língua saboreando o cheiro daquele homem no ar… Fechou os olhos, abriu as narinas, arqueou as pernas involuntariamente, esticou os braços e deixou o cabelo beijar-lhe as costas… O seu corpo era uma panóplia de sinais de trânsito intermitentes, tremia com cada foco de luz e deixava escapar sons que eco-localizavam cada passo que distava a distância da figura masculina, como se houvesse um chamamento primitivo de acasalamento em cada gota do seu lago morno que se acendia agora num paraíso adivinhado…
Numa fracção de segundo ele pára, permanece estático como se tivesse recebido os sinais endomorficos emitidos pela coreografia das sensações do corpo dela…O desespero desejado daquele possível encontro provoca uma explosão na fragilidade das suas linhas delicadas. Sem forças, cai no chão de joelhos, raspa as unhas na terra que ele tinha pisado, tentando puxar o caminho dele para si, numa angustia irracional e descontrolada… Tentando devorar aquele espaço que os separa e sentir-lhe o sabor ao lamber-lhe as pegadas…
Mas ele nem a vira, continuou, calcando a terra da sua fuga, rumo a outros braços talvez… Alheio aquele amor inexplicável, sem amar o olhar adolescente que se maturava nesse momento na idade adulta.
Partiu, calcando a terra com força, a força que ela perdia a cada passo que os afastava…

Inês Dunas

(in "Purpurinas...")

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sexta-feira, janeiro 28, 2011 - 20:14

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