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Sem tato
Selma sabia que não era boa. E eu estava cansado demais para tomar partido de qualquer coisa a seu respeito, embora me pesase o compromisso do casamento. Desde que desembarquei na cidade não tomara um banho, e meu estômago já estava farto de amendoins industrializados e soda. Peguei o carro e fui ao restaurante mais próximo.
Não havia nada que eu quisesse comer de fato, mas pensei que uma massa com molho branco cairia bem. Então fui garfando aos paucos, no ritmo do meu pensamento. Eu, já tão fastigado e intolerante com quase tudo. Porque não vale nada viver conformado, como não valia a pena competir com a realidade. E ela é bem mais dura que a expectativa de uma vida inerte ao lado de uma louca. Do tipo que jorra tinta nas paredes a cada evento diferente que se passava em sua vida, e pega o carro para dirigir sem rumo pelos arredores ermos da cidade, e que se põe nua sob a luz da lua dizendo estar se alimentando.
Eu concluí que isto tinha de acabar. Então chamei um especialista em distúrbios mentais para avaliar o tanto de problemas que eu teria dali para frente. Já não a queria, mas não podia abandoná-la à si mesma. Louca e mal formada que era. Só havia feito workshops e cursos livres de artes plásticas e julgava-se fluente em espanhol, alemão e francês, embora fosse defiente em todos. Por fim era também massagista, talvez o único título que possa ser atribuído à ela com propriedade: o de exímia massagista. Mas é só. Pois é impaciente demais para trabalhar em clínicas de estética e relaxamento.
Quando o psicanalista foi até nossa casa, senti um ligeiro conforto, como se aquele sujeito franzino com ar simpático pudesse ser a solução dos meus problemas... Mas pensando melhor acho que não se tratava de um psicanalista, mas sim de um psiquiatra, acho que são coisas diferentes. O fato é que eu não me lembro a especialidade dele, que me foi indicado por um colega que havia tido problemas com a mulher ninfomaníaca.
O tal especialista em distúrbios mentais conversou com Selma. Ela estava tranquila e receptiva como poucas vezes a vi. É como se já soubesse que não gozava integralmente do equilíbrio de uma mulher adulta. Eles ficaram sós numa saleta nos fundos da casa, que servia de atelier para Selma. Por fim, após uma hora o baixinho me vei abordar no jardim, onde eu eu catava as folhas secas. "Sua mulher me parece muito bem", ele disse. Eu quase que agressivamente retruquei "O que quer dizer com bem?".
"O fato de sua mulher se despir dentro de sua propriedade, pintar as paredes de sua própria casa e dirigir a esmo não a tornam mais que uma mulher de vontades, no máximo excêntrica", ele disse com um sorriso irônico e irritante. "E o que mais?", questionei. "Sugiro uma terapia de casal". "Não quero mais estar casado. Enfim, quanto lhe devo?", finalizei a conversa na certeza de que teria de encontrar uma maneira de me afastar da minha casa por um tempo. "É provável que seus problemas sejam mais de cunho pessoal que necessariamente responsabilidade de sua esposa, que aliás é uma artista". "Ela gosta de quadros e andou fazendo uns cursos para mistura de tintas e borrões", respondi, na certeza de estar a frente de um utópico conspirador .
"Talvez o senhor deva aprender a lidar com artistas" disse o sujeito se dirigindo ao portão externo... "Aliás, o senhor me deve 800".
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