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Será o fim?

Será o fim? Neste momento quero o passado inocente. Sinto as lágrimas caírem a cada pedaço de vida, 965 dias em que deixei pétalas pelos caminhos que percorri. O vento fê-las desaparecer, deixando apenas aquela que possuía cada segredo e cada lágrima minha. Hoje abri o armário e peguei na roupa que utilizei naquele dia em que as folhas caiam das árvores, daquele local que tinha um brilho especial e que ocupava uma boa parte de mim. Sentia-te perto, apesar de estares longe, sentia a tua presença a cada segundo.
Os capítulos sucedem-se numa espécie de lógica irreal, as vírgulas são apenas mais um complemento de um pedaço de vida e os pontos uma irrealidade transparente, só existente no fim de uma frase encerrada.
“Porque me levas ao meu sítio favorito?” foi a única forma de ir aquele sítio, aquela hora. Sabes qual é o sítio? É a praia, é o único sítio onde consigo ter paz e onde o bater das ondas consegue sossegar-me. Desta vez fui para lá numa espécie de fuga, e para chorar mais uma vez.
Sentei-me naquela rocha, onde me sento quase todos os dias e onde as minhas mágoas estão marcadas. O mar estava bravo, talvez ele compreendesse o que eu estava a sentir naquele momento.
Olhei-o serenamente, tinha vontade de mergulhar nele, como se isso pudesse lavar todas as angústias e tristezas.
Levantei-me. Desci as poucas rochas que ainda me restavam para chegar ao mar, toquei ligeiramente na água, ela estava tão gelada quanto eu, talvez isso me mostrasse que de nada me serviria o kispo. Comecei a correr, na ânsia de no fim do paredão, te encontrar sentado á minha espera.
Silencio, escutava-o a cada passo.
Solidão, sentia-a cada milésimo de segundo.
Magoa, mostrava-a a cada lágrima.
Haveria alguém que ouvisse o inaudível som das minhas lágrimas? Talvez não, estava só eu ali, sentada na areia gelada e a chorar mais uma vez, a areia absorvia as lágrimas, quem me dera que ela absorvesse igualmente os meus problemas, deixei-me cair, talvez como se fosse a única coisa possível naquele momento.
O sol pôs-se e eu continuei no mesmo sítio, sem reacção possível, de tal forma que se me chamassem não ouviria. Já era início de noite, quando me levantei, estava sem forças, sentia que a cada passo que dava, estava a caminhar para o fim. Tentei acabar com aquele choro que durava á horas. Porquê eu? Essa foi pergunta que fiz a mim mesma, quando percebi que estava de pé e sem qualquer razão para o estar. “Talvez porque sou frágil e me apeguei demasiado a ti e porque te achava perfeito.”
Voltei a casa ainda com as lágrimas a caírem e sem conseguir esconder a tristeza que senti. Olhei para o céu, a noite tinha caído e aquela imagem não me saía da cabeça. Deitei-me, tentei adormecer, mas não conseguia, a tua imagem não desaparecia, por mais que tentasse pensar noutra coisa, só a tua imagem me vinha á cabeça. Por fim adormeci e sonhei contigo mais uma vez, desta vez quem saía a chorar eras tu, apesar de depois eu também o ter feito.
De dia para dia, as mágoas vão aumentando, sinto-me incompleta. “Porque me roubaste a vida?” sinto-me uma criança ferida, quando caí e se magoa. Esta ferida é diferente, esta arde á mais tempo e não cicatriza.
“Dá-me a mão, vamos caminhar.” Esta foi talvez a única frase que me lembro daquele sonho, a única onde no fim sorri e os meus olhos brilharam. A manhã caiu e o sol brilhava apesar das muitas nuvens que existiam. Fui aquele bosque onde me perdia a pensar em ti, onde as palavras tinham brilho e significado, voltei a sentir uma infelicidade imensa, apesar de estar a sorrir.
Desta vez estou perto de ser o que era quando te conheci. Uma miúda alegre que a cada passo que dava ao teu lado sorria, aquela miúda que um dia se apaixonou e viveu um sonho, até a acordarem. Hoje sorri apesar de continuar com aquela pequena marca tua em mim, sabes porque? Porque agora vi o quão és feliz e não quero destruir essa felicidade. Prefiro guardar todas as recordações dentro daquela caixinha de recordações, e ter-te como amigo.
Foste uma parte importante da minha vida, mas tudo tem que ter um fim.

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terça-feira, outubro 13, 2009 - 15:53

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lau_almeida

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Comentários

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Re: Será o fim?

ESTÁ LINDO !
sem duvida um texto comovente :)

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Re: Será o fim?

olha a minha paty gira:D
sim, obrigada pelo comentario e por tudo, tens sido a maior cmg

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Re: Será o fim?

Lau;
Quanta dor tu guardas em ti.
Quanta tristeza.
Mesmo assim é bom te ler

ressalvo:
De dia para dia, as mágoas vão aumentando, sinto-me incompleta. “Porque me roubaste a vida?” sinto-me uma criança ferida, quando caí e se magoa.

Força amiga....Amanhã é novo Dia

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Re: Será o fim?

obrigada pelo comentario! e obrigada pelo apoio!
beijinho*

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