Janela de Vidro
JANELA DE VIDRO
Viviam juntos uma linda história de amor, tinham muito planos, os projetos já estavam em andamento, a empresa ia bem, e o primeiro filho do casal já havia nascido.
No início daquela primavera, algo acontecera, aquela tarde, ele voltara pra casa mais cedo, deu ordem aos empregados, passou pelo seu escritório que ficava na biblioteca da casa, abriu a pequena escrivaninha, tirou uma pasta e folheou os papeis que nela havia. Levou a mão ao queixo, e pensativo permanecera por alguns minutos, olhou os papeis novamente, falando sozinho, disse: é será que devo fazer isso mesmo, e se não dê certo? Tenho que tentar.
Em seguida subira para o quarto, tirou do armário uma mala, abriu o guarda-roupa selecionou algumas peças de roupas, e mais alguns pertences pessoais, a mala não quis fechar de tão cheia que ficara, fora preciso mais uma.
Nem se quer percebera que Ruth estava no atelier pintando mais uma de suas maravilhosas telas. Ao deixar a casa, pelo jardim da frente, que dava vista para o atelier de Ruth, fora descoberto pelo reflexo da janela de vidro, ele saíra de fininho, colocara as malas no porta mala do carro, olhara para um lado e outro, desconfiado, ajeitou o chapéu sobre a cabeça, entrou no carro, afivelou o cinto de segurança.
Pelo retrovisor ele percebera a figura feminina frágil a observá-lo através da janela de vidro, com o semblante triste, esboçara o seu último adeus. Deu a partida no carro e foi-se estrada a fora, sem dar muito importância a cena que deixara para trás, parou próximo ao lago, desceu do carro e observou o pôr-do-sol, o silêncio vespertino fora quebrado com o barulho vindo da sua casa, como ainda estava perto, era possível escutar tão estrondo, mas o que foi isso? parece um disparo de arma de fogo! E vem da banda da minha casa, intrigado, deu a ré no carro e voltou, ao estacionar no jardim, vira a janela de vidro manchada, as tintas se misturaram com o vermelho sangue, colorindo a janela, Ruth havia cometido suicídio, os serviçais estavam desesperados.
Apavorado e sem acreditar na cena que via diante dos seus olhos, abraçou o corpo ensangüentado da esposa e se desfez em lágrimas. Porquê você fez isso comigo Rute? Meu amor, me perdoe, volta pra mim, jamais te deixaria.
Por uma fração de segundo, ele o perdera por conta de um mau entendido, ele nunca tivera intenção de abandoná-la, estava apenas preparando uma surpresa, pois completariam 7 anos de casados.
Elizaete Ribeiro
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