Noturno

Mia, àgil, à noite escura!
Vestido pelo luar de negro
o mio elegante perdura,
no telhado, gato preto
a sua paixão não muda,
ele só ama a lua
até que a noite lhe fuja...
Há quem lhe tenha medo.
Ele, envolto em mistério,
nada leva a sério.
Gosta de olhar o céu,
já escuro! com a brisa fria
no ar se esfuma,
é noite, existe magia!
Este gato que mia
acredita, mais um dia
que há-de chegar à lua.
Silêncio que na rua
veste a noite mais discreta,
permite-lhes uma conversa.
Ele mia e ela projecta
a sua sombra no muro...
Ninguém lhe conhece passado.
Ninguém lhe conhece futuro.
Gato cor da noite,
seguro, segue o seu rumo,
até que o luar lhe toque
e sem ele saber como
sente ter alma.
Mesmo vagabundo,
sujo ou imundo
tem um só mundo
e mais profundo,
só o seu espírito, noturno.