No avesso da alma
Trevos lilases conhecem de cor o meu mundo.
Amoras de marfim esmagam, ao trincar,
escadas de geleia rumo ao último e altivo lugar,
em que sonhos fugazes - corvos em mim -
são como compressas de areia
da margem do tempo à foz de um sorriso.
A noite gelada dá passos em redor do pelourinho
onde um septo desviado pelo punho cerrado
corta o perfume oculto dos teus olhos fechados,
quando o lábio que me foca a respiração
é como uma porta que se fecha,
um rosto queimado, um tumulto
que em verso me toca, sem esperar a aurora.
Em silêncio aguardo, com traços de alcatrão no peito,
que a escassa luz desenhada no convés do coração
siga por fora de mim, carregando o fardo da saudade
e o leve para longe, bem longe, convexo numa cruz.
«Ainda há estrelas que me falam todas as noites em sonhos,
quando os tímpanos se fecham entre os lençóis amarrotados,
e é como se o mundo inteiro soubesse que o grito da minha nostalgia
nunca será ouvido no avesso da alma para que ela se liberte»
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Comments
A sorte que não está,
A sorte que não está, conhece-te de cor
O doce amarga do frio porque as imagens enganam
Os sonhos que fogem
Nas feridas que não cicatrizam porque
Há sempre mais uma...
A noite que não passa nas voltas que dá
As lembranças são como corda ao pescoço que se enleia pela noite
Ainda com cicatrizes
Esperas
Que uma luz menos ofusca
Te entre na alma.
Por fim a esperança e fé
Das estrelas contadas
Dos desejos sonhados
Mas que não sabes se a tua alma se conseguirá libertar.
Para que possas deixar de gritar Nostalgia!
Um poema de triste, mas aonde o sonho ainda existe.
Como luz esperada no fundo do túnel.
Gostei de ler, o teu poema.
Beijo
A mensagem
Olá linda.
Dos poemas meus que comentaste, este foi provavelmente aquele em que de forma mais precisa conseguiste chegar à mensagem que ele queria transmitir. Só por isso já valeu a pena.
Tua presença é sempre, como sabes, importante e especial.
Um beijo.
rainbowsky