O homem enrolado no papelão
Hoje vi uma chocante cena
um homem enrolado em folhas
de caixas de papelão desfeitas
embaixo de uma amendoeira
Era bem cedo,
há pouco havia chovido
mas, ali estava impassível
ante a expressão tocante,
De passantes, que eram poucos
a passear com seus cachorros
e, de repente, um movimento
do homem que parecia semi-morto
Não me parecia vindo de uma ressaca
tampouco se trajava como um mendigo
tinha bigode aparado, a barba feita,
as roupas amassadas, sapato furado
Mas, o que fazia aquela pobre alma
na rua, envolto em folhas de papelão?
Um mistério que permaneceu sem solução,
como esquimó no iglu, retornou para sua "casa".
O que levaria um poeta a tratar de um fato
tão corriqueiro nas cidades?
A proximidade da páscoa e da paixão de Cristo
fez brotar o drama e a dor dos excluídos...
Ele, mais que ninguém,
Ousou tocar nestas feridas
Ainda vivas, abertas, e muitas vezes
não nos tocamos, neste vai-e-vem... da banalização da vida "moderna".
AjAraújo, o poeta humanista, poema escrito em 1 de abril de 2010.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 2149 reads
Add comment
other contents of AjAraujo
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Meditation | Resíduo (Carlos Drummond de Andrade) | 0 | 1.845 | 11/01/2011 - 00:51 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Enfrentar a adversidade da doença inesperada | 0 | 7.334 | 11/01/2011 - 00:49 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Demian - Introdução (Hermann Hesse) | 0 | 7.467 | 11/01/2011 - 00:46 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | O último suspiro | 0 | 5.682 | 10/30/2011 - 23:24 | Portuguese | |
Poesia/Aphorism | Agora ar é ar e coisa é coisa: traço (Cummings) | 0 | 10.129 | 10/28/2011 - 13:04 | Portuguese | |
Poesia/Love | Carrego o teu coração comigo (Cummings) | 0 | 2.511 | 10/28/2011 - 12:36 | Portuguese | |
Poesia/Love | Em algum lugar que eu nunca estive (Cummings) | 0 | 7.192 | 10/28/2011 - 12:34 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | As Boas Ações (Bertolt Brecht) | 0 | 4.346 | 10/20/2011 - 13:02 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A minha mãe (Bertolt Brecht) | 0 | 11.882 | 10/20/2011 - 12:58 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | A exceção e a regra (Bertolt Brecht) | 0 | 10.171 | 10/20/2011 - 12:55 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Harmonia | 0 | 4.631 | 10/16/2011 - 10:56 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Aquele sorriso foi um bálsamo | 0 | 3.302 | 10/16/2011 - 10:42 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | A Música (Gibran K. Gibran) | 0 | 3.823 | 10/13/2011 - 22:50 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Uma vez, enchi a mão de bruma (Gibran Khalil Gibran) | 0 | 3.036 | 10/13/2011 - 22:46 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Amai-vos um ao outro (Gibran K. Gibran) | 0 | 3.306 | 10/13/2011 - 22:43 | Portuguese | |
![]() |
Videos/Music | Until the last moment (Yanni) | 0 | 4.875 | 10/11/2011 - 12:45 | Portuguese |
![]() |
Videos/Music | Sweep Away, Live at Acropolis (Yanni) | 0 | 6.678 | 10/11/2011 - 12:20 | Portuguese |
![]() |
Videos/Music | Keys of imagination (Yanni) | 0 | 6.504 | 10/11/2011 - 12:01 | Portuguese |
![]() |
Videos/Music | You Raise Me Up (Josh Groban with African Children Choir) | 0 | 11.468 | 10/10/2011 - 23:17 | English |
![]() |
Videos/Music | Ave Maria (Soweto Gospel Choir) | 0 | 9.080 | 10/10/2011 - 23:08 | English |
![]() |
Videos/Music | Khumbaya (Soweto Gospel Choir) | 0 | 6.603 | 10/10/2011 - 23:06 | English |
![]() |
Videos/Music | Nkosi Sikelel'iAfrika (Soweto Gospel Choir Blessed in Concert) | 0 | 12.716 | 10/10/2011 - 23:00 | English |
![]() |
Videos/Music | Amazing Grace (U2 & Soweto Gospel Choir) | 0 | 12.887 | 10/10/2011 - 22:57 | English |
Poesia/Poetrix | Crepúsculo | 0 | 3.785 | 10/10/2011 - 22:23 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | O amanhã sempre chega... | 0 | 4.375 | 10/10/2011 - 22:20 | Portuguese |
Comments
poemas
AJARAÙJO, tbm, tenho um poema parecido , que fala dos mesmo problemas, " HOMENS SEM NADA"gostaria que lesse! bjs e abraços meus, essas pessoas tbm são problema nosso, penso eu...
Olá poetisa, obrigado por sua
Olá poetisa, obrigado por sua ilustre visita. Li o seu poema e gostei muito. Temos visões bastante parecidas sobre esta grave questão da exclusão social.
Bom final de semana para ti.
Ele, mais que ninguém, Ousou
Ele, mais que ninguém,
Ousou tocar nestas feridas
Ainda vivas, abertas, e muitas vezes
não nos tocamos, neste vai-e-vem... da banalização da vida "moderna".
Re: O homem enrolado no papelão
Bom poema!!!
:-)
Re: O homem enrolado no papelão
Um poema que retrata uma realidade infelizmente cada vez comum e infelizmente também cada vez mais olhada com indiferença.
Será que em lugar de desviar o olhar com ar repugnado não deveriamos pôr a questão: e se fosse eu? Afinal ninguem sabe... o que sabemos é que são pessoas, seres humanos. Hoje eles, amanhã nós, quem sabe?
Gostei do tema, da construção e da força da mensagem que passa.