Afinal existe a chave da felicidade
Estacou como se uma seta o tivesse atingido. Atordoado, teve a perceção de se encontrar numa encruzilhada. Real. À outra , a da vida, já estava habituado.
Apalpou a lonjura de cada bifurcação. Acusava algum cansaço. Nem sequer lhe apetecia ponderar que caminho seguir. Talvez a intuição ou o seu deus menor resolvessem servir de muletas e guindá-lo para um deles.
Tal como o Pinóquio, os seus pés tomaram vida e atalhou o caminho mais plano, ladeado de uns verdes semelhantes a heras, por onde despontavam umas florinhas brancas.
Mal retomou a passada larga, sentiu-se estranhamente calmo e leve. Não caminhava. Sim, caminhava, mas como se fora uma dança, avançando e recuando, volteando.
Era todo um ser a açambarcar sensações de plenitude. De deslumbramento. Reviu-se criança, nos mundos fantásticos que desenhava mentalmente e nos quais se sentia protagonista, sempre na defesa da sua menina, prisioneira de um perigo que se moldava conforme o momento.
Ainda hoje é assim. Protetor. Defensor de almas aflitas, esquecendo-se da sua, sempre na encruzilhada da vida.
Sentou-se num amontoado de heras mais espessas, parecendo-lhe um trono… Deve ter adormecido. E sonhado. E vivido a vida que é e a que queria ter.
Prosseguiu. Não soube ao certo quanto tempo ali permanecera. Sentia, intimamente, que descobrira a chave da porta há muito fechada. Renascera. Riu como há muito o não fazia. E o eco soou ao cântico do seu batizado.
Soube, a partir de então, que seria feliz! Provavelmente sempre o soube. Mas detestava estar a sós consigo mesmo!
Odete Ferreira 22-01-12
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Comments
Quando caminhamos, surpresos de ser
Quando caminhamos, surpresos de ser, todo o bem-querer se faz presente. Porque afinal não nascemos para sermos a sós... e aí se redescobre a felicidade. Sempre um enorme pazer ler tuas prosas, querida Odete.
Beijinhos mil
Jorge Humberto
P/Jorge Humberto (Afinal existe...)
Obg, amigo Jorge Humberto, pela presença e generosa apreciação.
A chave, objetivamente, tem uma função: abrir e fechar. Se, neste sentido, o processo é rápido, já metaforicamente (ou por extensão como filosofia de vida) é um
processo lento, que pode dar-se por avanços e recuos, mas sempre trazendo algo de novo. E como vale a pena apostar no ser de cada humano!
Bjo, amigo
Encatador este
Encatador este renascimento!
E, como quem bate palmas a si mesmo, riu, riu muito!
Gosto muito da tua prosa amiga Odete.
Bjuzz.
Encatador este
Encatador este renascimento!
E, como quem bate palmas a si mesmo, riu, riu muito!
Gosto muito da tua prosa amiga Odete.
Bjuzz.
P/ Teresa Almeida (Afinal...)
Uma vez mais, obg por deixares o teu registo sui generis, querida amiga.
Um escrito em prosa que, como em outros, são uma espécie de guião para que se procure a solução dentro de nós...
Bjos no teu
um texto sublime! por vezes
um texto sublime! por vezes algo que parece tão simples, se torna na realidade da felicidade.
bj
P/ Eduarda (Afinal existe...)
Muito grata, Eduarda, pela fruição e simpática apreciação.
Bjo