Santa Apolónia ou Campanhã...
Os dias são comboios de carruagens cheias...
Circulam a todo o vapor deixando carvão
ao longo do chão que me calca, devagar...
Porque não posso deixar-me ficar para trás?
Ficar a ver a linha a partir sozinha
engatada nos carris?
Já me curei tantas vezes... Tantas...
Quantas cicatrizes me cabem no corpo?
Deus diz que sabe o que faz...
(É bem capaz de saber,
espero que saiba e se encha de raiva de me ver desistir...)
Cansei-me de sorrir...
O meu sorriso perdeu a viagem,
saiu da carruagem na estação anterior,
encheu-se de amor e partiu...
Hoje não tenho forças,
vou dormir a vontade num banco qualquer...
Talvez me possas despertar mais tarde,
quando a noite me trouxer e quiser descansar...
Não me apetece lutar mais,
o desgosto arde nos meus olhos...
Já não tenho idade para angustias,
são seculos que me acompanham nesta aprendizagem ingrata
que não se farta de se agarrar a mim...
Já me curei tantas vezes...Tantas...
Quantas vidas terei de aguentar ainda?
Não me consigo libertar do castigo de querer?
Mais uma viagem...
Mais um comboio...
Mais uma partida...
Inês Dunas
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Poesia :
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Comments
Minha querida, amiga, Inês,
Minha querida, amiga, Inês,
congratulo-me por termo-nos conhecido, dando-me a oportunidade, de uma nova amizade e de assim vir também a conhecer, tua poesia, tua escrita. Santa-Apolónia, Campanhã, ah, quantas idas e voltas, já me ofereceram. E houve vezes que simplesmente fiquei parado, vendo os comboios partirem ou chegarem, engatados nos carris. Como dizes no teu delcioso poema, que é também uma bela dedicatória, a essas "casas" históricas. E porque não deixares-te para trás? Observares? (Teus olhos cansados) Parar de lutar, contra o que é tido por mais correcto, só porque há quem assim o diga - lançando-nos seu olhar reprovador, qual gumes de facas, se ousamos inverter os papeis? E depois deixares-te despertar mais tarde - e foste tu. Com imenso prazer te li e deixo estas minhas singelas palavras: sem algozes ou vis corvos, de uma nova inquisição.
Beijinhos mil
Jorge Humberto
Não me apetece lutar mais,
Não me apetece lutar mais!
Ai não que não apetece!!! e MUITO.
Não me consigo libertar do castigo de querer? JÁ MAIS ME LIBERTAREI!!!
Mais tarde nos meus olhos estarei contente.
Bom poema... inspira.
Beijinho
Desculpa a demora.
;-)