SER BURRO

SER BURRO

Tu és uma grande amiga,

Mas precisas dum bom auriga,

Para te poder indicar o caminho,

Ao vibrar dum chicote daninho.

Levas às costas o teu patrão,

A ele nunca lhe dizes que não,

Com medo da vara violenta.,

Que de vez em quando te atormenta.

Trabalhas em troca de comida,

Não podes demonstrar fadiga,

Foste feita para carregar,

O que o teu dono não quer levar.

Tens as quatro patas no chão,

Mas também tens coração,

Também amas os teus filhos,

Que te mamam nos mamilos

Levas com a vara se não queres andar,

Podes resmungar no teu zurrar,

Do teu chorar ninguém tem pena,

Como se cumprisses uma grande pena.

Fazes do chão a tua melhor cama,

Pelo teu nome ganhaste fama,

Chamam o teu a quem não tem saber,

Mas, quem chama tem muito que aprender.

2007-Estêvão