Bouquet de pétalas cinzas

_Em meio ao cinza que de verde deveria banhar o mundo o azul se desbota e se esvai, mais uma vez, a arrancar mais um pétala do meu coração de rosa através do que deveria ser mais um dia, esta penumbra que se derrama sobre o mundo... Penumbra na qual tudo se resume e se encerra.
_Talvez eu devesse me permitir amalgamar às outras sombras que se arrastam lá em baixo, em meio ao seu coletivo individualista, nestes dias de sombra e frio a frágil definição de fidelidade, de companheirismo: não mais me permitir perseguir a minha própria sombra a fim de encontrar a luz que fica para trás... Que me deixou para trás.
_Vultos vindos de todos os lugares por todas as vias rumo a lugar nenhum, a nenhum lugar que eu iria, contudo que eu deveria a fim de talvez me encontrar no meu lugar: parece causar muito mais mal do que todo o bem que desejamos toda esta história, se não uma estória, de nos pormos no lugar dos outros. Todavia não é o que desejamos, todo o bem? Sombras não falam, não contam histórias nem criam estórias, mas se comunicam através da opacidade de seus olhares vazios; somente se arrastam umas contra as outras, sobre as outras e também através umas das outras, se consegues ver daqui de cima.
_As rosas não sangram quando lhe arrancam uma pétala: sempre que podem elas te sangram e te bebem e se banham nisto, se lavam do cinza que de verde deveria banhar o mundo mas não! se vai a arrancar mais um verso do meu coração de rosas... Provam para si mesmas que apesar do viverem sob o peso da penumbra continuam vivas: até que restem somente os espinhos...

 

06 de outubro de 2012 -- 00h 31min
João Pessoa - Paraíba - Brasil

 
Adolfo J. de Lima

Submited by

Sunday, October 7, 2012 - 20:19

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Adolfo

Adolfo's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 15 weeks 2 days ago
Joined: 05/12/2011
Posts:
Points: 3582

Add comment

Login to post comments

other contents of Adolfo

Topic Titlesort icon Replies Views Last Post Language
Poesia/Dedicated "A beleza está nos olhos de quem vê" Parte II 0 855 07/05/2011 - 18:56 Portuguese
Poesia/Dedicated "A beleza está nos olhos de quem vê" Parte III 0 1.346 07/05/2011 - 18:58 Portuguese
Poesia/General "Cristo crucificado!" 0 855 05/28/2011 - 01:47 Portuguese
Poesia/Sonnet "Deus está morto!" 5 3.609 11/13/2021 - 12:35 Portuguese
Poesia/Intervention "É fácil falar em abortar, Afinal você já nasceu." 2 4.330 11/15/2012 - 19:58 Portuguese
Poesia/Love "Vendido!" 0 1.112 10/26/2012 - 12:07 Portuguese
Poesia/Thoughts (Des)Crenças 0 1.248 05/30/2012 - 17:53 Portuguese
Poesia/Friendship (Des)culpa 0 1.371 09/03/2011 - 21:22 Portuguese
Poesia/Sonnet 003 4 1.628 12/16/2011 - 11:14 Portuguese
Poesia/General 17 0 1.527 11/17/2012 - 07:49 Portuguese
Anúncios/Miscellaneous - Offers 17 0 4.392 11/17/2012 - 07:52 Portuguese
Poesia/Disillusion 18 - Uísque 2 3.787 03/18/2018 - 20:28 Portuguese
Poesia/Sonnet 25 de dezembro II 1 748 05/03/2012 - 22:44 Portuguese
Poesia/Sonnet A Bailarina 4 1.780 09/30/2012 - 22:37 Portuguese
Poesia/Erotic A Barbara Sá e Natália Melo 2 987 01/28/2013 - 20:09 Portuguese
Poesia/Sonnet A dúvida 5 776 05/29/2012 - 23:42 Portuguese
Poesia/Sonnet A dúvida (continuação) 1 764 05/20/2012 - 21:56 Portuguese
Poesia/Sonnet A Existencialidade das crises ou crises existenciais 0 955 11/26/2012 - 23:37 Portuguese
Poesia/Sonnet A flor deixada na lápide de Augusto dos Anjos 1 2.144 10/17/2012 - 02:40 Portuguese
Poesia/Sonnet À Gentileza (por Timidez) 2 1.027 12/20/2011 - 21:56 Portuguese
Poesia/Dedicated A Jorge Humberto 2 1.609 06/08/2012 - 20:10 Portuguese
Poesia/Passion À Lua 0 1.500 05/17/2011 - 01:18 Portuguese
Poesia/Dedicated À luz 4 1.065 06/14/2012 - 22:58 Portuguese
Poesia/Sonnet À luz de minhas manhãs 0 1.064 12/06/2011 - 00:31 Portuguese
Poesia/Sonnet À mãe minha que eu tanto amo... 2 1.068 11/19/2011 - 04:53 Portuguese