A CRIATURA

Podeis pensar, abusivamente, que vos falto à palavra,
Quando em meus devaneios ao Homem dou assunção,
Não há pessoa, neste mundo, que não seja escrava,
Voluntariosa e compulsiva, forjando aqui sua condição.

Direis, que é próprio do homem, qual vicio que lavra,
Ir no arrepio da vida, na transe diária, basta servidão, 
Que rouba às pessoas seu discernimento, e crava
Suas garras infames, na carne inerme, caída no chão.

Todo o Homem é egoísta – vinde, pois, declarai-vos –,
Que não há nada que faça, se não for seu beneficio;
E assim, arrogantes andamos, sem quaisquer laivos.

Criaturas perdidas, num deserto sem fim, verdadeiras
Se tornariam, se não fizessem mau uso, do resquício,
Que, pouco a pouco, gesto a gesto, as dizem inteiras.

Jorge Humberto
10/12/07

Submited by

Tuesday, March 19, 2013 - 15:03

Poesia :

Your rating: None (2 votes)

Jorge Humberto

Jorge Humberto's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 4 years 31 weeks ago
Joined: 01/15/2012
Posts:
Points: 1844

Comments

Jorge Humberto's picture

Adolfo

Pazer em receber teis comentátios sempre conceituados
e atentos.

Tens razão, na tua última frase, penso o mesmo de mim.

Abraço meu e obrigado pelas melhoras.
Jorge Humberto

Adolfo's picture

Grande, grande! Gostei muito

Grande, grande! Gostei muito deste teu soneto -- sobre o contraditório jeito suicida de se auto-presevar cada parte, sozinha, quando a sua união é a sua existência: por assim saber que eu não condeno o egoísta, que eu o compreendo em vez de o entender...

Gostei imenso deste teu soneto sobre o cristal fragmentado que é o homem: haveria algo mais egoísta que a minha revisão dos meus princípios? rsrsrs

Um abraço! e melhoras ((:

Add comment

Login to post comments

other contents of Jorge Humberto

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Aphorism Não à pena que mereça aplauso 0 1.015 02/02/2012 - 11:18 Portuguese
Poesia/Meditation SANTIMÓNIA 0 1.130 02/01/2012 - 11:33 Portuguese
Poesia/Intervention ESPELHO DUPLO 0 952 02/01/2012 - 11:25 Portuguese
Poesia/Meditation AOS PAIS 0 819 02/01/2012 - 11:16 Portuguese
Poesia/General DA CONDIÇÃO DE MULHER 2 887 02/01/2012 - 11:12 Portuguese
Poesia/General FOTOGRAFIA 0 648 01/31/2012 - 11:24 Portuguese
Poesia/General MULHER 0 899 01/31/2012 - 11:19 Portuguese
Poesia/General POEMA INACABADO 0 861 01/30/2012 - 11:38 Portuguese
Poesia/General OLHOS PARA NADA 0 666 01/30/2012 - 11:34 Portuguese
Poesia/General O FADO 0 1.010 01/30/2012 - 11:31 Portuguese
Poesia/Love ENFIM… SONHAR-TE 0 898 01/29/2012 - 11:46 Portuguese
Poesia/General A FORÇA DE UM PENSAMENTO 0 1.439 01/29/2012 - 11:39 Portuguese
Poesia/Love A DONA DO MEU CORAÇÃO 0 1.443 01/29/2012 - 11:36 Portuguese
Poesia/General A Uma Só Voz 2 618 01/29/2012 - 11:11 Portuguese
Poesia/General A SÓS COM MEUS VERSOS 0 1.177 01/28/2012 - 11:33 Portuguese
Poesia/General A BELEZA DE MINHA POESIA 0 1.254 01/28/2012 - 11:21 Portuguese
Poesia/Love QUANDO UM HOMEM AMA UMA MULHER 2 912 01/28/2012 - 10:46 Portuguese
Poesia/General ALMAS RUDES 0 1.053 01/27/2012 - 16:12 Portuguese
Poesia/General AH, DÊEM-ME ROSAS! 0 879 01/27/2012 - 16:08 Portuguese
Poesia/Love BOM DIA AMOR... 4 775 01/27/2012 - 16:00 Portuguese
Poesia/General A DANÇA DAS ANDORINHAS 2 2.094 01/27/2012 - 15:49 Portuguese
Poesia/Intervention ESTE POVO QUE A SI SE PERMITE 0 1.427 01/26/2012 - 12:57 Portuguese
Poesia/Joy QUANDO A DANÇA SE CONFUNDE COM A NATUREZA 4 885 01/26/2012 - 11:30 Portuguese
Poesia/General MÚSICA 2 824 01/25/2012 - 18:01 Portuguese
Poesia/General NA VOZ LIVRE DO POEMA 0 1.005 01/25/2012 - 11:33 Portuguese