No meu espírito chove sempre,

No meu espírito chove sempre,
E justamente como eu quero,
Chuva triste, anónima a chuva,
Anónimo eu, será que existo nela

Ou ela entre mim e eu. Há um fosso
Cavado e eu parado, curvado
Assomo o poço, aceno, sou eu
Por debaixo no rosto da lua feia

No escuso fundo, meu futuro
Uma nau, pavio apagado, navio
Sem pavilhão sem passado, porto
De abrigo sob estandarte inimigo.

No meu espírito sempre choveu,
Chuva forte corpo enlameado, nu
Por fora e por dentro sem vida,
Inda um riso forçado na boca,

Contragosto em forma dúbia,
Indefinido, a ele fiquei preso,
E à dúvida de eu ser eu mesmo,
Quando me mordo ou m’belisco.

Serei deste ou dum mundo outro,
Onde eu entrei sem ser ouvido,
Ou visto a sair, voltei sem partir,
Pois serei quem sempre fui,

Desconhecido justo com’quero,
Brisa ou vento, nuvem sobre
A floresta, por debaixo quem
Me lembra acabará m’esquecendo,

Assim como um caminho rural
Mal calcado, se quer esquecido,
Por não pertencer a ninguém,
Nem vivalma mais por’í seguir,

Quem sabe, por medo …

Jorge Santos (23 Novembro 2023)

https://namastibetpoems.blogspot.com/

Submited by

Friday, November 24, 2023 - 11:00

Ministério da Poesia :

No votes yet

Joel

Joel's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 1 week 3 days ago
Joined: 12/20/2009
Posts:
Points: 42009

Comments

Joel's picture

No meu espírito chove

No meu espírito chove sempre,
E justamente como eu quero,
Chuva triste, anónima a chuva,
Anónimo eu, será que existo nela

Ou ela entre mim e eu. Há um fosso
Cavado e eu parado, curvado
Assomo o poço, aceno, sou eu
Por debaixo no rosto da lua feia

No escuso fundo, meu futuro
Uma nau, pavio apagado, navio
Sem pavilhão sem passado, porto
De abrigo sob estandarte inimigo.

No meu espírito sempre choveu,
Chuva forte corpo enlameado, nu
Por fora e por dentro sem vida,
Inda um riso forçado na boca,

Contragosto em forma dúbia,
Indefinido, a ele fiquei preso,
E à dúvida de eu ser eu mesmo,
Quando me mordo ou m’belisco.

Serei deste ou dum mundo outro,
Onde eu entrei sem ser ouvido,
Ou visto a sair, voltei sem partir,
Pois serei quem sempre fui,

Desconhecido justo com’quero,
Brisa ou vento, nuvem sobre
A floresta, por debaixo quem
Me lembra acabará m’esquecendo,

Assim como um caminho rural
Mal calcado, se quer esquecido,
Por não pertencer a ninguém,
Nem vivalma mais por’í seguir,

Quem sabe, por medo …

Jorge Santos (23 Novembro 2023)

https://namastibetpoems.blogspot.com/

Joel's picture

No meu espírito chove

No meu espírito chove sempre,
E justamente como eu quero,
Chuva triste, anónima a chuva,
Anónimo eu, será que existo nela

Ou ela entre mim e eu. Há um fosso
Cavado e eu parado, curvado
Assomo o poço, aceno, sou eu
Por debaixo no rosto da lua feia

No escuso fundo, meu futuro
Uma nau, pavio apagado, navio
Sem pavilhão sem passado, porto
De abrigo sob estandarte inimigo.

No meu espírito sempre choveu,
Chuva forte corpo enlameado, nu
Por fora e por dentro sem vida,
Inda um riso forçado na boca,

Contragosto em forma dúbia,
Indefinido, a ele fiquei preso,
E à dúvida de eu ser eu mesmo,
Quando me mordo ou m’belisco.

Serei deste ou dum mundo outro,
Onde eu entrei sem ser ouvido,
Ou visto a sair, voltei sem partir,
Pois serei quem sempre fui,

Desconhecido justo com’quero,
Brisa ou vento, nuvem sobre
A floresta, por debaixo quem
Me lembra acabará m’esquecendo,

Assim como um caminho rural
Mal calcado, se quer esquecido,
Por não pertencer a ninguém,
Nem vivalma mais por’í seguir,

Quem sabe, por medo …

Jorge Santos (23 Novembro 2023)

https://namastibetpoems.blogspot.com/

Add comment

Login to post comments

other contents of Joel

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Ministério da Poesia/Disillusion barbearia 0 7.489 11/19/2010 - 19:27 Portuguese
Ministério da Poesia/Disillusion assim assim... 0 6.530 11/19/2010 - 19:26 Portuguese
Ministério da Poesia/Sonnet Morcegario 0 4.954 11/19/2010 - 19:24 Portuguese
Ministério da Poesia/Gothic o corvo (poe) tradução livre 0 9.095 11/19/2010 - 19:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Disillusion Asas d' 0 6.981 11/19/2010 - 19:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervention O homem fronha 0 3.922 11/19/2010 - 19:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Passion Da paixão 0 4.599 11/19/2010 - 19:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervention Parle-moi 0 2.738 11/19/2010 - 19:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Disillusion Vega 0 4.703 11/19/2010 - 19:23 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervention os míseros não têm mando 0 2.352 11/19/2010 - 19:20 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Da Paixão 0 1.794 11/19/2010 - 19:20 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervention Do tempo cego 0 2.344 11/19/2010 - 19:19 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated Sophya 0 3.835 11/19/2010 - 19:19 Portuguese
Ministério da Poesia/General Adverso ou controverso 0 4.597 11/19/2010 - 19:19 Portuguese
Ministério da Poesia/General Parle-moi 0 5.583 11/19/2010 - 19:19 Portuguese
Ministério da Poesia/General Volto já 0 2.672 11/19/2010 - 19:19 Portuguese
Ministério da Poesia/Dedicated A minha Pátria 0 19.765 11/19/2010 - 19:18 Portuguese
Ministério da Poesia/Sonnet Panfleto 0 3.466 11/19/2010 - 19:18 Portuguese
Ministério da Poesia/Sonnet sonho ou pesadelo 0 1.868 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General adorei o sol 0 3.632 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General achigãns 0 5.892 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General feio sou 0 4.469 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General sonho 0 3.058 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General Amonte 0 7.066 11/19/2010 - 19:16 Portuguese
Ministério da Poesia/General jura maré trovata 0 3.639 11/19/2010 - 19:16 Portuguese