Cessar da arte
Se para ser é preciso estar...
Prefiro ir embora
Como pingos partindo, descendo
E sabendo que não tem volta
Como o ar que te pega o rosto
E refresca a alma!
Prefiro ir embora
Como o doce que come
E desce goela abaixo
Deixando na língua o paladar sonhado
E o que te fartou agora te mata
Como desejos ainda não aplacados
Esperam de tu
Ânsia e carência
Para não pedir...
Prefiro ir embora
Da primeira vez que um beijo desses
À tona não será jamais
E pouco ausentará o lábio
Atormentado é
Fúria talvez
Saber que o que passa
É sempre melhor
Hipocrisia, digo à Ulisses
Este que me entende bem!
Sabes que para ser bom
Diferente é preciso ser
E sendo-o
Nem sempre a outrem é bom
Para preservar o que me incumbo
E ser o verdadeiro ainda que triste
Sou a mão que a porta abre
O gemido arraigado das trincas
& ademais
Com as botas companheiras e sujas do labor...
Prefiro ir embora.
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Comments
Re: Cessar da arte
Para preservar o que me incumbo
E ser o verdadeiro ainda que triste
Sou a mão que a porta abre
O gemido arraigado das trincas
& ademais
Com as botas companheiras e sujas do labor...
Prefiro ir embora.
Que tudo de bom. Bom por ser marcante, por ser penetrante, por ser um grito silencioso.
Abraços
Re: Cessar da arte
Anita, estranhamente nos é tirado a expressividade máxima existente no poder da arte. Aprisionados em sombras estamos e sutilmente algo nos revela, será a criação? Será a tragédia? À deriva nos deparamos e daí a criação vinda de tão sonhada inspiração. Mas, quem nos vê? Quem nos avalia? Somos bons? Temos vergonha e nos escondemos? Não importa, se tem algo que realmente dita a regra universal das coisas, esta é a arte que ao meu ver liga a alma ao inexplicável movimento de tudo aquilo que está a nossa volta.
Boas palavras, és favorita.
Alcantra
Re: Cessar da arte
LINDO POEMA, GOSTEI!
Meus parabéns,
MarneDulinski
Re: Cessar da arte
Marne,
Obrigada pelo comentário, e é bom saber que sempre lê os meus poemas. Grata.
Anita
Re: Cessar da arte
Tanto se discute atualmente a morte da arte. Mas em teu poema, tenho a impressão de que ela se retira por vontade própria, por querer ser o que é, e não concordar com a concomitante existência como condição.
A arte simplesmente é, e existir pressupõe materialidade secular, o que vem amesquinhar sua razão de ser.
Não sei se foi esta a intensão em teu discurso, mas foi o que senti.
Se me equivoquei, desculpe-me.
Muito bom.
Um abraço,
REF
Re: Cessar da arte
Roberto,
Não se equivocou de modo algum, pelo contrário, foi profundo e sábio o seu entendimento, foi propriamente isto que quis apresentar e soube tu, capitar este sentimento. O parabéns fica todo para você!
Obrigada! Anita
Re: Cessar da arte
PURO E SIMPLESMENTE EMOCIONANTE, AMEI!!!
Re: Cessar da arte
Gisa,
Obrigada pelo comentário, começei a escrever há pouco, justamente por causa do site, mas espero poder melhorar e aprender com as críticas de vocês.
Anita