Trecho " A última margarisa"
Os dias passavam e a recuperação de Ricardo era latente, porém, a saudade de Giúlia era cada vez maior.
Ele se reunia com os empresários, com a banda em sua casa. Haviam convidado um músico para tocar no lugar do querido amigo que se fora, e estava em andamento o contrato. Apesar de muito bom, se fazia necessário os ensaios, para a adaptação com a dupla e os outros profissionais. Enquanto isso, o produtor tentava retomar a turnê, interrompida tragicamente.
Na chácara, a vida continuava seu curso. Giúlia se atolava no trabalho para amenizar um pouco a falta de Ricardo.
Nos finais de semana, reunia-se com os fiéis amigos, com a família. Muita música e brincadeiras, mas o sorriso não era o de sempre. Já fazia mais de um mês que ele fora para casa, e até o momento, nenhum telefonema.
Estava com medo. Havia dito a ele várias vezes, que se fosse preciso, ela se afastaria, mas estava tomando consciência de que esta atitude era penosa demais. Estaria bem? Por que não ligava? Haviam combinado há tempos, que somente ele ligaria. Mas este silêncio, esta falta de notícias, lhe amedrontava.
Ela não sabia que Ricardo estava sendo vigiado o tempo todo, ficavam em cima dele como se fosse uma criança. À noite, se levantava para ir até a sacada, ou no jardim, e Ivana levantava-se como uma mola.
_ Vou ajudar você.
Um dia, após os ensaios, ele informou que iria com Cássio até sua casa. Antes que alguém pudesse falar algo, ele mesmo disse que o irmão o traria de volta. Foi quando conseguiu ligar para ela.
_ Amor?
_ Meu Deus, Ricardo! Estou morta de preocupação!
_ Desculpe querida, mas não soltavam do meu pé. Eu estava enlouquecendo. Como está?
_ Estou bem, agora estou bem! Diga-me, como vai? E seus ferimentos?
_ Estou novo. Só o pé que continua com gesso, portanto, ainda não posso dirigir. Estou com saudades...
_ Eu também estou. Estou doente. Nunca pensei que fosse ser tão difícil!
_ Tenha calma meu anjo, logo irei.
- Sim. Agora estou mais tranqüila, saber que está bem e... Que não me esqueceu.
_ Que bobagem é essa? Não acho que você pensou isso mesmo!
_ Eu juro que pensei. Você não dava notícias, depois de tudo, o acidente, sei lá...
_ Pare de besteiras. Acontece que estão cuidando de mim como se eu fosse um inválido! Não me deixam sozinho nem para descansar, e eu estou que não me agüento mais. Só ficar em casa, de um lado para outro, se saio, é outra pessoa que dirige, nossa!
_ Tenha calma. Estão preocupados, é normal, quase mata todo mundo de susto.
- Está bem. Vou desligar agora. Dou um jeito de falar contigo novamente. Eu amo você! Vê se não esquece, ta?
_ Ta meu raio de sol, que alegra meus dias, meu amor mais amado! Cuide-se. Amo-te, te amo!
Ricardo sentiu-se mais aliviado. Ouvir a voz dela, o jeitinho de chamá-lo, só isso já lhe alegrou o dia.
E Giúlia tirou uma pedra das costas. Confessava a si mesma, não suportava mais viver daquela forma. Sempre com medo de tudo, de perdê-lo, de serem descobertos, das viagens, dos sonhos.
Achou que viveria uma vida inteira assim, se fosse preciso, mas agora já não tinha tanta
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Comments
Re: Trecho " A última margarisa"
Gisa,
Continue a escrever que, todos nós,apanharemos boleia, nessa viagem.
Abraço
Re: Trecho " A última margarisa"
Gisa.
Mesmo se fosse "Margarisa" continuaria sendo ótimo o seu texto.
Parabéns,
grande abraço,
REF
Re: Trecho " A última margarisa"
Quando vi teu texto postado fui ler,
Mas não sem antes eu perceber
Que o título estava errado.
Ao ler toda a tua prosa,
Entendi não ser Margarisa ou Rosa
Mas sim Margarida, flor e mulher.
(Este é meu nome próprio, :-) )
Gostei bastante.
Abraço
Re: Trecho " A última margarisa"
LINDO TEXTO, GOSTEI COMO SEMPRE!
Meus parabéns,
MarneDulinski
Re: Trecho " A última margarisa"
Queridos amigos, me perdoem o erro de digitação, não é "margarisa" e sim, "margarida"