Quero o Natal

Eu quero o verdadeiro Natal!
Aquele que as crianças estão doentes;
aquele que empobrece os crentes;
aquele que Papai Noel é magro.

Eu quero o verdadeiro Natal!
Quero deixar a corisa escorrer
nos narizes das chaminés
fazendo um charco de presentes verdadeiros:
melecas, melecas, melecas!

Eu quero o verdadeiro Natal!
Quero vestir trapos;
quero sentir frio, dormindo no mato;
quero uma perereca urinando em meus olhos;
quero um brejo tão feio, tão sujo
que a rena do Sr. Claws morreria!

O dos famintos;
o dos sem pele;
sem carne;
sem espírito;
e sem livre arbítrio.

Quero o Natal dos mendigos;
dos fedidos;
dos que mais parecem Jesus.

Quero, pra mim, um Natal de pus!
E não somente:
quero o Natal de toda outra gente
boiando na felicidade
(como boiam excrementos na Natureza).
Quero pra eles beleza;
ostentação
e presentes caros.

Tudo pra todos!
Que tal, viagens para Netuno!?
Ou Saturno?
Ganhando um punhado de brilho
dos seus anéis?

Pra mim.. só quero a fome;
a falta de nome;
de nume;
de lume!

Pra todos, toda a felicidade
toda a ventura quista:
nas mãos, no bolso
nos guarda-roupas,
porque meu Natal
e meu ego
e minha humanidade
é
simplesmente
masoquista...