Desilusão

Desilusão

Destes passos avulsos em revoada
Destes passos alheios em descaída
Deste passo de dança que não passa
Apenas da necessidade de uma despedida.

Despedida de amantes em esquina de praça
Despedida de amantes em último gozo
Despedida do pensar.

Que toca este canto macabro de bailarina
Que toca este dia que te consome
E vibra forte e vibra fundo
E não cala.

E os poetas morreram
E os namorados morreram
E os anjos morreram
E a morte morreu
Em pleno cais-bar numa terça-feira gorda.

Que falta da primavera de minha infância
Ausente do carrancudo som desta metrópole
Que galopa no lombo de um caramujo
Em plena sexta-feira santa.

E o estado virou um caramujo
E apoiou a produção de narcóticos
Para calar o povo que não fala mais.

E ficou esta ilusão sozinha
Este pouco pingo de esperança morta
Este pingo de ilusão em um olhar vazio
Que não olha mais à tarde fria
Nem ver mais as capas dos jornais.
Vazia, apenas.
Como o ausente toque de uma aquarela
Sobre uma lua cheia e pálida.

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Wednesday, April 28, 2010 - 13:54

Poesia :

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ntistacien

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Re: Desilusão

Bom poema!!!

:-)

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