Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético

CONCEITUALISMO – tendência cujo inicio é atribuído a Abelardo, no século XII, e que propõe que os CONCEITOS1 ou UNIVERSAIS2 só existem no campo abstrato do Intelecto. Que só existem como Idéias em nosso espírito (ou Inconsciente, Mente, Alma) não tendo, portanto, existência na realidade física, concreta. No Mundo Natural (físico, concreto) nada existe que lhes corresponda. Em outros termos, é a Doutrina que prega serem as “Idéias Gerais” que usamos para organizar nossos conhecimentos, meras ferramentas ou instrumentos Intelectuais que nosso Espírito criou, mas sem nenhuma existência fora dele.

Por ser um termo de uso corriqueiro em Filosofia, dada sua importância, faremos nas seqüência explanações sobre o termo que é a raiz do Conceitualismo:

CONCEITO1: do latim “conceptum” = pensamento, idéia. Geralmente é tido como “Noção Abstrata” ou “Idéia Geral” que dá nome a um Objeto ou SER único, como, por exemplo: o “Conceito de Deus (a Idéia de como será Deus, seus poderes, sua natureza etc.)” ou a “Idéia Geral” que dá nome a uma classe de Objetos ou de SERES, sem adentrar nas características de cada um dos Indivíduos que compõem aquela classe ou grupo. Por exemplo: o “Conceito de Cão”.

Em termos de LÓGICA, o Conceito é caracterizado por sua “Extensão” e por sua “Compreensão”. Ou seja, é uma característica do Conceito ter tal Extensão (ou abrangência, ou tamanho) que possa abranger plenamente aquilo que simboliza. E, também, ser Compreensível para todos. Tomemos o exemplo do “Conceito Cão”: a “Idéia Geral” ou o “Conceito” é amplamente suficiente para abraçar toda uma classe de SERES que, malgrado suas diferenças individuais, têm características similares: quadrúpedes, latem etc. Pois bem, sendo então capaz de representar perfeitamente o Objeto ou o SER, pode e é facilmente assimilável por todas as pessoas.
Para Kant, o Conceito é apenas um cruzamento de “Juízos (ou julgamentos) Virtuais”, ou de “Julgamentos Abstratos, Intelectuais”. O sábio alemão dividiu os Conceitos em:

Conceitos a Priori ou Puros (as Categorias de Entendimento) = aqueles que existem antes de qualquer Experiência Empírica (quando os dados são captados pelos Sentidos e processados pelo Intelecto). São, principalmente, os Conceitos de Tempo e de Espaço. Para o filósofo, já nascemos possuindo essas Idéias ou Conceitos de que tudo que acontece, acontece em certo lugar, ou Espaço, e em certo Tempo.

Conceitos a Posteriori = Conceitos A Posteriori ou Empíricos são aqueles formados com base nos resultados das Experiências, dos Estudos. São Conceitos que definem as Classes dos Objetos como, por exemplo, o “Conceito de Vertebrado”, isto é, “Sabe-se” com segurança o que é um SER que tem vértebras. O “Conceito de Prazer”, ou seja, “Sabe-se” com segurança o que é Prazer. Também são a “Posteriori” o Conceito de Unidade, de Pluralidade (a multiplicidade de SERES e de Coisas), Conceito de Causalidade (de Causa e Efeito), entre outros.

Em Matemática, Conceito é aquela noção básica que indica que há uma definição rigorosa para aquilo que é conceituado, como, por exemplo, o “Conceito de Circulo”. É a Idéia que se tem de uma figura redonda, com um ponto central, com raio, diâmetro etc. Ao se falar em “Conceito de Circulo” não se pensará em outra figura.

Nas “Ciências Experimentais”, que são aquelas que se apóiam na Experimentação como método de trabalho, o “Conceito” é uma noção sobre a “Realidade ou Fenômenos Experimentais” bem definidos e bem determinados, como, por exemplo, o “Conceito de Peso”, o “Conceito de Ácidos” etc.

Já vimos acima que em Lógica, o Conceito tem certas características. Aqui, nesse ponto, voltaremos a esse tópico. Em Filosofia, o Conceito é uma peça chave e designa uma Idéia Abstrata e Geral que abriga diversos elementos unidos. Como “Idéia Abstrata” formada pelo Espírito (ou Mente) Humano, o Conceito se reparte em duas porções:

Compreensão = que é o conjunto das características que formam o objeto conceituado e o próprio Conceito. Por exemplo: “Conceito Homem” = animal, bípede, mamífero etc.

Extensão = que é o conjunto das características particulares dos Seres que estão abrigados sob tal Conceito. Por exemplo = “Conceito Homem” = com 175 cm de altura, 66 kg. de peso, bípede, mamífero etc.

A Compreensão e a Extensão tem uma relação inversa e, portanto, quanto maior for a Compreensão menor será a Extensão e vice versa; pois se se forma um Conceito com as características individuais, esse Conceito não servirá para designar toda uma classe. Designará apenas o Indivíduo que tem as características apontadas.

O Conceito só parcialmente é sinônimo de “Idéia”, pois esta é mais vaga e designa apenas o que cada Indivíduo pode pensar sobre algo. Já o Conceito despreza essa apreciação ou ponto de vista pessoal. Mais genérico e abrangente, não se condiciona a um só Indivíduo ou grupo. Ele “atinge a todos” e, em principio, é aceito como Verdade inquestionável sobre objeto, ser, grupo, classe etc. que designa.

Universais2 – aquilo que se aplica a tudo, valendo em todos os lugares e em todas as épocas. Na Escolástica, foram chamados Universais os Conceitos, como por exemplo o “Conceito Homem”. Ver Universais.

Submited by

Tuesday, December 8, 2009 - 01:30

Prosas :

No votes yet

fabiovillela

fabiovillela's picture
Offline
Title: Moderador Poesia
Last seen: 8 years 36 weeks ago
Joined: 05/07/2009
Posts:
Points: 6158

Add comment

Login to post comments

other contents of fabiovillela

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Love Ausentes 0 3.110 01/05/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Love O Gim e o Adeus (2015) 0 3.764 12/31/2014 - 15:02 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte XII - A Metafísica 0 7.321 12/29/2014 - 20:06 Portuguese
Poesia/General Gauche 0 3.178 12/26/2014 - 19:50 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte XI - O Método 0 6.471 12/24/2014 - 21:01 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte X - A Geometria Analitica 0 7.640 12/24/2014 - 20:57 Portuguese
Poesia/Love Quietude 0 2.266 12/21/2014 - 22:03 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte IX - O primeiro filósofo moderno - Cogito Ergo Sun 0 5.504 12/20/2014 - 21:29 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte VIII - A época e o ideário básico 0 6.689 12/20/2014 - 21:25 Portuguese
Prosas/Contos Farol de Xenon 0 4.801 12/20/2014 - 01:40 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte VII - Notas Biográficas 0 9.388 12/19/2014 - 13:56 Portuguese
Poesia/Meditation Sombras 0 3.993 12/18/2014 - 00:21 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte VI - Preâmbulo e índice de obras 0 4.673 12/17/2014 - 14:07 Portuguese
Prosas/Drama Nini e a Valsa 0 6.088 12/17/2014 - 01:56 Portuguese
Poesia/Love As brisas e as rendas 0 3.277 12/15/2014 - 22:08 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - os Tipos de Razão Filosófica 0 6.491 12/13/2014 - 19:53 Portuguese
Poesia/Love Desencontros 0 3.385 12/10/2014 - 20:41 Portuguese
Poesia/Love Navegante 0 3.621 12/05/2014 - 01:21 Portuguese
Poesia/Love Evoé 0 3.830 12/03/2014 - 01:17 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte IV - o Racionalismo 0 8.916 12/01/2014 - 15:21 Portuguese
Poesia/Love A Face 0 3.162 11/30/2014 - 00:20 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte III - o Racionalismo - continuação 0 12.355 11/27/2014 - 15:33 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Parte II - o Racionalismo 0 4.814 11/26/2014 - 15:03 Portuguese
Poesia/Love A Dança 0 2.211 11/23/2014 - 19:28 Portuguese
Prosas/Others Descartes e o Racionalismo - Preâmbulo (Apêndice: a Razão) 0 6.839 11/22/2014 - 21:56 Portuguese