Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético
DOGMATISMO – em seu sentido vulgar é a atitude de quem afirma alguma coisa de modo intransigente e imperativo, mesmo sem provas de que aquilo que afirmou é Verdadeiro.
No campo da filosofia é toda doutrina, ou atitude, que acredita ter o Homem a capacidade (ou faculdade) de atingir a “Certeza Absoluta” sobre algo. Que a Razão (ou Raciocínio) Humana é capaz de chegar à “Verdade” absoluta e correta. Também é a atitude, no campo do Conhecimento, de quem acredita que é possível chegar às “Certezas Absolutas”, antes mesmos de se fazer a “Critica da Faculdade de Conhecer”; ou, em outras palavras, antes de se questionar e estudar qual é a real capacidade para aprender que o Ser Humano pode ter.
Essa avaliação sobre a capacidade Humana foi o objeto de estudo (o quê ele estudou) de KANT, que em sua “Critica da Razão Pura” procura estabelecer os limites para o entendimento do Homem. Também fez estudos sobre os perigos e as ameaças existentes contra o efetivo Conhecimento. Para o filosofo dois aspectos são fundamentais, pois é necessário combatê-los com rigor para se evitar que o Entendimento seja parcial e, talvez, nocivo. São eles:
1. O EMPIRISMO – que reduziria tudo que se pode saber aos resultados de experiências empíricas (que estudam os fenômenos usando os Sentidos: tato, paladar, audição, visão, olfato) não considerando que existem as “Formas a Priori (o Tempo e o Espaço)” – entre outros fatores - que não dependem da Experiência, pois o Homem já tem essas noções desde que nasce (ou antes, conforme alguns cientistas atuais).
2. O DOGMATISMO – o inverso do Empirismo, ou seja, a crença que a Razão (ou o Raciocínio) pode construir sólidos sistemas filosóficos ou científicos sem que as Idéias ou Afirmações e Conclusões dos mesmos tenham sofrido a Critica (o estudo minucioso) sobre a real capacidade de aprender que o Homem pode ter. Aqui, KANT, questiona a validade dos Sistemas de LEIBNIZ e WOLF, pois ambos afirmaram que o Conhecimento pode ocorrer a Priori, sem que experiências sejam necessárias.
Na filosofia Marxista utiliza-se o termo “Dogmatismo” em seu sentido pejorativo, pois é o nome dado à Tendência de tornar imóvel, fechada, uma Teoria, usando para tanto fórmulas estereotipadas (modelos) para desclassificá-la, retirando-a da “Vida Prática” e impedindo que sofra uma análise imparcial e concreta. Ora, se um dos pilares do Marxismo é justamente a afirmação do Físico, Concreto, julgar uma Teoria como sendo mero exercício abstrato ou intelectual – o que impede que a mesma seja analisada em relação à vida física, prática – é condená-la por antecipação. É apegar-se erroneamente a Dogmas (pontos de vistas) que não são, necessariamente, embasados por Verdades.
Desde a Antiguidade os filósofos podem, grosso modo, ser divididos em “CÉTICOS” ou em “DOGMÁTICOS”. Se os primeiros se recusam a aceitar que as “Verdades Absolutas” possam ser compreendidas pelo Homem e, até mesmo, que essas “Verdades” existem; os segundos acreditam e defendem as “Verdades Absolutas” de suas Tendências ou Escolas. Creem que está no seu ponto de vista a “Certeza Absoluta”.
Mas é no campo da Religião que se tem os exemplos mais claros e corriqueiros dos Dogmas. Fundada numa “Verdade Revelada (revelada ou mostrada ao Homem através dos Profetas, Santos, Escrituras etc.)” exige que seus adeptos acreditem e aceitem sem questionamentos ou contestação as suas afirmações. No Catolicismo, por exemplo, o Dogma provém das “Escrituras (ou Bíblia)” e da Liturgia da Igreja que alega representar (sic) a “Palavra Divina” e, por isso, cria normas e “leis” e fiscaliza seu cumprimento. Seus Dogmas foram unificados no “Credo” ou no “Símbolo dos Apóstolos”, conforme ficou decidido pelos Bispos em 325, no Concilio de Nicéia. Desse modo, Dogmas são “Fatos Verídicos” que devem ser aceitos mesmo que NÃO possam ser comprovados ou sequer questionados. Como exemplo, tem-se o da “Virgem Imaculada”, o da “Trindade” etc.
E se tomarmos a Religião como formadora da MORALIDADE, veremos que aí também florescem normas e costumes cuja base é apenas dogmática. Nada há de racional, ou até de justo, em algumas determinações sociais. Em algumas sociedades, por exemplos, mulheres são tratadas como cidadãs de segunda classe sem que nada de racional justifique tal tratamento, mas como é um Dogma (que com o tempo assume ares de Divino e Eterno) aceita-se que seja seguido.
No campo das Ciências também existem certos Dogmas aos quais se dá o nome de “Convenção”; ou seja, as Eminências sobre o assunto, convencionaram ou concordaram que “algo” será aquilo que se concordou que seja, mesmo que não existam quaisquer comprovações cientificas sobre aquela conclusão.
De forma geral, vê-se que os Dogmas têm (sic) que serem aceitos sob pena de se afrontar o que se estabeleceu como Verdade, mesmo que inexista qualquer comprovação sobre o fato.
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