O melhor da infância o pior para os adultos.
Desfeita, repasso os passos da vida um a um. Como que se desmontasse o passado, tal qual uma máquina estragada na ânsia de achar a solução do problema. Desmonto a infância, choro ao perceber que o pior que podia levar da infância para a vida adulta é o melhor que ela tem. Revolto-me com as idiossincrasias da vida, na percepção de entender ser tão deletérico aos adultos confiar, acreditar, ser ingênuo, entender que quando alguém diz "vou fazer tal coisa" vai fazer, simplesmente porque é tão ruim a um adulto agir sem pensar, pedir quando se quer, chorar quando se está triste, falar o que se pensa, beijar se existe afeto, sorrir quando se vê coisas singelas. Neste desmontar da vida percebo que o que faz de mim um adulto infeliz é conservar em mim o que de melhor há na infância. Anseio pela velhice, quiçá a loucura da senilidade não me outorgue novamente o poder de ser espontânea e confiar novamente nos homens, beijar, sorrir, abraçar, correr e sonhar sem ficar medindo a amplitude dos atos e seus desdobramentos.
Mas nego-me solenemente a matar a criança em mim. Transmuto ela em uma velha louca mas conservo sua essêmcia pura e confiante. Nunca deixarei de beijar e abraçar quando tenho vontade, nem de andar descalça no chão frio, continuarei a chupar pirulito e banhar-me no rio gelado apenas de calcinhas. Pois dane-se a vida de adulto, eu quero é ser feliz. E quem um dia me amar saberá que terá de ser assim.
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Re: O melhor da infância o pior para os adultos.
"Anseio pela velhice, quiçá a loucura da senilidade não me outorgue novamente o poder de ser espontânea e confiar novamente nos homens, beijar, sorrir, abraçar, correr e sonhar sem ficar medindo a amplitude dos atos e seus desdobramentos."
Eu tb me recuso a matar a criança q existe em mim!
De facto uma das melhores coisas q a infância permite é a espontaneidade, tb nunca percebi pq as pessoas crescem e deixam de beijar, amar ou abraçar quem gostam só pq sim e se aprisionam em estranhas gaiolas...
Gostei imenso de te ler, encontrei muito de mim, aqui!
Beijinho em ti!
Inês