Poema da minha felicidade
Quando eu deixar de ouvir risos
sarcásticos
Soluços e queixumes
Nos teus lábios trementes
Súplicas agoniantes
pedindo vida, lealdade!
Oh…
Quando eu apagar
do quadro enegrecido
A palavra falsidade!
Escutar o gargalhar purificado
de uma criança brincando
E no seu peito fizer desabrochar
a intensidade das carícias fraternas
De uma mão afagando
Quando eu avistar
no céu azulado
Um bando de andorinhas
E puder colocar mansamente
nos seus bicos um lírio branco
Quando eu sentir
nas dolentes saudades
O perfume inebriante
Da minha doce Coimbra
E as sentir dentro de mim
sem sufoco e sem pranto…
Quando eu não ouvir mais
notícias de guerras
Que falam em tanques
cuspindo fogo
Na sangrenta sede de destruir
Quando eu ouvir
o chilrear dos pássaros
na Primavera
E souber falar-lhes
com o meu olhar, sonhando…
Quando eu souber colocar
na alma mais infeliz
A mais terna compreensão
E lhe transmitir a singeleza do amor
Perpetuando uma esperança diferente
Quando souber amá-lo
em absoluta comunhão
E lhe falar de forma transparente
Quando eu ouvir
o rumorejar de um rio
E não pensar em guerra
Quando eu subir
a uma montanha altíssima
E me embriagar com a paz
E a beleza do que me rodeia
Quando der a mão
à esperança da vida
Sem temê-la nem odiá-la
Quando eu acreditar nos homens
Que buscam a igualdade
Sem os temer
Sem me sobressaltar
E lhes souber dizer
que o mundo é para construir
E não para despedaçar…
Quando eu horrorizada
deixar de ver sangue…
Tanto sangue
E vir esses rios de sangue
transformados em vales intermináveis
cobertos de papoilas a florir
Quando eu vir as crianças crescer
Sem que saibam o significado
do ódio
Desumanização
Tristeza e fome
E as ouvir apenas cantar
O cântico da inocência
E da felicidade…
Quando eu souber que a verdade
Jamais alguém a violará
Que a solidariedade humana
Será uma pomba branca
Que ninguém jamais se odiará
Porque se cobrirá de fé e de esperança
Ah…
Quando eu ouvir o mundo inteiro
Ao além pedir perdão
Sim… Sim…
Hei-de correr…
Correr sem me cansar
E de alegria infinita…
Hei-de em Paz então morrer!
Autoria: Vóny Ferreira
Poema escrito em 1998
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 1736 reads
Add comment
other contents of admin
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Passion | {Empty title} | 8 | 861 | 11/20/2008 - 18:29 | Portuguese | |
Poesia/Love | Manto de Luz | 5 | 1.400 | 11/20/2008 - 01:28 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | {Empty title} | 8 | 1.085 | 11/20/2008 - 00:15 | Portuguese | |
Poesia/Erotic | Boca Profana | 6 | 2.563 | 11/18/2008 - 18:28 | Portuguese | |
Poesia/Love | Hora dos Trevos Mordidos-2 | 6 | 4.384 | 11/17/2008 - 12:52 | Portuguese | |
Poesia/Passion | {Empty title} | 6 | 1.687 | 11/17/2008 - 00:19 | Portuguese | |
Poesia/Love | Gosto-te simplesmente porque gosto-te | 5 | 1.706 | 11/15/2008 - 10:32 | Portuguese | |
Poesia/General | Através da janela nanquim aguada | 5 | 2.924 | 11/14/2008 - 18:15 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | . | 6 | 1.400 | 11/14/2008 - 16:43 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Canção de embalar | 4 | 1.430 | 11/14/2008 - 00:19 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Canção d`amigo | 6 | 3.893 | 11/13/2008 - 18:55 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | {Empty title} | 6 | 2.835 | 11/13/2008 - 17:24 | Portuguese | |
Poesia/Passion | Entre vulvas de mel meu veneno expia-te | 6 | 2.786 | 11/13/2008 - 13:53 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Canção de beber | 5 | 2.875 | 11/13/2008 - 00:17 | Portuguese | |
Poesia/Dedicated | Hino ao Amor! | 8 | 2.388 | 11/12/2008 - 23:27 | Portuguese | |
Poesia/Joy | M`Allegro | 1 | 3.484 | 11/11/2008 - 00:51 | Portuguese | |
Poesia/Intervention | Simplesmente Mulher | 3 | 2.909 | 11/10/2008 - 23:59 | Portuguese | |
Poesia/Love | Eu, Tu... Nós | 8 | 3.110 | 11/10/2008 - 15:36 | Portuguese | |
Poesia/Disillusion | {Empty title} | 4 | 1.270 | 11/09/2008 - 04:19 | Portuguese | |
Poesia/Love | {Empty title} | 5 | 3.385 | 11/07/2008 - 20:55 | Portuguese | |
Poesia/Passion | {Empty title} | 7 | 1.112 | 11/06/2008 - 23:02 | Portuguese | |
Poesia/Love | Secretamente | 4 | 1.788 | 11/06/2008 - 16:05 | Portuguese | |
Poesia/Fantasy | {Empty title} | 8 | 2.704 | 11/06/2008 - 01:17 | Portuguese | |
Poesia/Erotic | Volúpia | 8 | 630 | 11/05/2008 - 16:56 | Portuguese | |
Poesia/Comedy | Messalina | 4 | 2.215 | 11/05/2008 - 16:41 | Portuguese |
Comments
Re: Poema da minha felicidade
A partir da pluridade de visões, constrois um poema cuja natureza humana não é necessáriamente má ou forçosamente boa, mas constitui um processo para aceder ao real(factor indispensável à relação humana),assim, numa imagem repetida em mais que um verso,"Quando eu (...)", protagonizas as forças do mal e do bem ,que não se pretende que se antagonizem, mas que possam fundir-se..o que trará uma nova visão do mundo e do ser humano. O ser humano será pois composto de vários elementos que se completam e que deverão coexistir em equilíbrio,...e então, poderás viver em Paz!
Excelente poema.
Beijo
Re: Poema da minha felicidade
Querida poetisa
Quando tudo o que sonha acontecer
com certeza há de ser infelizmente
num outro plano, pois a humanidade
infelizmente jamais deixará este
pano branco cair no nosso mundo real
que pena...que pena!
Que a humanidade continua insana dentro
de tantas coisas humanas esquecendo que
aqui é somente uma parada de nossa alma
E com certeza este é o teu o meu e de muita
gente que ainda sonha com esta felicidade
Um belíssimo poema...adorei...Parabéns
Um beijo no coração
Re: Poema da minha felicidade
Bom seria se habitasemos nos perdão. Haveria sempre um rasgo de ternura em cada alma...