Do homem ao Vazio

Alimentado pelo silêncio
No seu sabor rendido.
Acordado num sonho cruel
Para além do que é permitido,
Prova-se o amargo do fel.

Desejos confessados ao vento
Por imaginação múltipla e audaz,
Aliciando pensamento desorientado
Pelo olhar agudo e perspicaz
Dum coração pela vida desbotado.

Só, na companhia da sombra,
Aquecido por sol polémico,
De calor pretensioso e frio.
Irradiando um cinzento anémico,
Iluminadamente se está no vazio...

Contestação ao mundo convencional.
Ser contrário e diferente,
Numa manifestação solitária
Da voz que se mantém ausente
Na negra escuridão primária.

Á nuvem estranhamente presente
Em céu azul estabelecido,
Sucede a noite permanente
No intenso brilho sentido,
Que a estrela dourada consente.

Só, na companhia da sombra,
Aquecido por sol polémico,
De calor pretensioso e frio.
Irradiando um cinzento anémico,
Iluminadamente se está no vazio...

Fogo asfixiado pelo cerco
Das águas da força hostil,
Sedentas por mais uma alma ardente
Que resiste à vontade vil
Da decadência exigente!

Ovelha negra que se demarca
Em rebanho submisso e senhor
Duma pertença verdade e lei.
Domínio de um errado vencedor,
Da natureza, ingénuo rei!

Só, na companhia da sombra,
Aquecido por sol polémico,
De calor pretensioso e frio.
Irradiando um cinzento anémico,
Iluminadamente se está no vazio...

MCMLXXXIX
J. Pópulo

Andarilhus
VII : VI : MMVIII

Dos mais antigos... quase 20 anos, quase uma vida...

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Saturday, June 7, 2008 - 22:39

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Andarilhus

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Re: Do homem ao Vazio

Boa meditação, a vida é a escola do saber…

:-)

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