Claramente
Imagino a vida por um fio, um fio farto em percalços,
uns frutos do destino, outros frutos da ilusão,
Uma venda que defrauda os sentidos
Claramente, a mente deriva sem orientação.
Alucina, perde-se em sonhos, pinta-os d’ouro
Encanta-se pelo falso reluzir, falsas intenções
Claramente, um bloqueio do raciocínio
Uma enxurrada mental de emoções.
Defraudada, à deriva, encantada e bloqueada
perde a impermeabilidade e qualquer outra protecção.
O olho da mente que não vê pelo órgão da vista, imagina
Claramente, pinta arco-íris em dias secos, cria a ilusão.
E na ilusão transforma porcos em pérolas
E no lodo vê um mar azul e uma praia de areias douradas
Regista num disco riscado, que encrava numa mesma faixa
Respira a névoa dos sonhos, bebe das suas palavras.
Claramente, acredita e segue pelo nevoeiro de uma mente turva
Gera o destino e as profecias, imortaliza a ilusão,
Congela o tempo e a evolução do espírito
Aguarda, certa da sua aspiração.
Existem momentos de vigília que nos despertam
E nesses engolimos os frutos do destino
A soma das acções passadas com as presentes
Resultado que diluí o verniz envelhecido.
Claramente, distinguimos a linha que se repete
A tendência de nos concentrarmos numa linha segura
Ainda que igualmente dura,
O resultado que já se conhece.
E quem não é real, não deve existir
Lição que se retira, preço que se paga
Destino que se desfaz, caminho sem retorno
Factura, ainda que liquidada, marca!
Claramente, no reerguer da fortaleza rejeito o mergulho
Na chama que arderia eterna,
Na imensidão do teu olhar
No abismo do teu nada!
De ti apenas teria os sonhos despidos
e o corpo profanado.
Claramente, cresci!
Publicado no Blog Broken Wings e no Blog da PEAPAZ
Submited by
Ministério da Poesia :
- Login to post comments
- 933 reads
other contents of Ema Moura
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
Ministério da Poesia/Love | Nada mais (nona carta) | 0 | 1.736 | 09/22/2014 - 18:54 | Portuguese | |
Prosas/Contos | «Pele...» | 0 | 1.836 | 09/22/2014 - 18:52 | Portuguese | |
Prosas/Erotic | Proposta | 0 | 1.958 | 09/22/2014 - 18:50 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Confissões de um conquistador | 0 | 1.891 | 09/22/2014 - 18:47 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Pintura introspectiva | 0 | 1.724 | 09/20/2014 - 11:19 | Portuguese | |
Poesia/Thoughts | Silencia o teu amor | 0 | 1.508 | 09/20/2014 - 11:17 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Monólogo da memória | 0 | 1.500 | 09/20/2014 - 11:15 | Portuguese | |
Poesia/Passion | Obsessão | 0 | 1.736 | 09/20/2014 - 11:10 | Portuguese | |
Poesia/Erotic | Tortura, anseio... | 1 | 1.658 | 01/27/2013 - 22:47 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Inspira, relaxa e divaga... Suspira! | 2 | 1.699 | 01/27/2013 - 17:40 | Portuguese | |
Prosas/Erotic | Outra vez! | 2 | 2.430 | 01/27/2013 - 17:36 | Portuguese | |
Poesia/Passion | Quero-te outra vez... | 0 | 1.480 | 01/27/2013 - 17:08 | Portuguese | |
Poesia/Love | Ouve-me | 1 | 1.607 | 01/27/2013 - 16:50 | Portuguese | |
Poesia/Erotic | Amarro-te! | 3 | 2.718 | 01/27/2013 - 16:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Ofélia | 0 | 1.471 | 01/12/2013 - 23:34 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Brilho | 0 | 2.057 | 01/12/2013 - 23:20 | Portuguese | |
Prosas/Contos | Esculpidos na pedra | 0 | 1.770 | 01/12/2013 - 23:15 | Portuguese | |
Poesia/Love | Espero | 0 | 1.942 | 01/12/2013 - 23:10 | Portuguese | |
Prosas/Romance | Hoje, o céu é meu... | 0 | 1.918 | 08/11/2011 - 14:09 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | Saudade poética | 2 | 1.797 | 07/09/2011 - 02:59 | Portuguese | |
Prosas/Erotic | O desejo é muito mais que um brilho no olhar... | 0 | 1.852 | 07/07/2011 - 23:17 | Portuguese | |
Prosas/Erotic | Tortura | 0 | 1.686 | 07/07/2011 - 23:13 | Portuguese | |
Prosas/Thoughts | Hoje | 0 | 1.833 | 07/07/2011 - 23:06 | Portuguese | |
Prosas/Erotic | «Surpresa. Hoje é dia de pagamento!» | 0 | 1.976 | 07/07/2011 - 22:59 | Portuguese | |
Prosas/Erotic | Saltos inquietos | 0 | 1.802 | 07/07/2011 - 22:56 | Portuguese |
Add comment