Caminhar
Sei que o meu caminho tortuoso da escuridão
Tem de ser feito a sós
O pedido de socorro será em vão
Não existirá ninguém, à minha espera
Não haverá ninguém para me ouvir
Nenhum valimento me será dado na Terra
O jogo da vida acabará
Mais tarde ou mais cedo!
Pedras caem do precipício sem fim
Corro, evito-as, protejo-me num salto
Vão-me delapidar
Mas elas continuam a cair do alto
Encerro-me pela floresta sombria
Olhos reluzentes espreitam-me
Monstros aguardam para me dilacerar
Os sentidos estão alerta
Não posso descansar
Um descuido e despedaçam -me a pele
Devoram-me os membros
Sob as desapaixonadas estrelas
Cravam-me os caninos
E o meu corpo é alimento para feras
Caminho!
E o abismo assustador espreita
Perdem-se os seres na sua imensidão
Quero voar!
Empreendo o salto, mas em vão
Faltam-me as asas no instante
Mesmo assim flutuo na existência desatinada
Numa procura incessante e desgovernada!
Sou apenas uma criatura
Que te busca nas trevas pois és luz
Sou espírito guerreiro e revoltado
Que te anseia porque és paz
Sou apenas um animal com sede
Que te procura porque és água pura
Sou alma que se abre perante o teu olhar
Pois és alívio para a colossal amargura!
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Poesia :
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Comments
Re: Caminhar
Um poema com arte, razão e sentimento!!!
:-)
Re: Caminhar
Poderoso o seu poema AnaMaria. Palavras arrebatadoras.
Muito bom. ;)
Bjs
Re: Caminhar
Os humanos estão sempre prontos a fazer experiências que vão torná-los mais pesados e mais sombrios...Se ao menos eles soubessem não ir demasiado longe e tirar algums conclusões úteis do pouco que terão vivido! Mas não, eles fazem a experiência a fundo e não só uma vez, mas dez vezes, cem vezes! Não lhes vem à ideia que ficarão sem qualquer energia para o dia em que talvez queiram tentar experiências espirituais. Por que não hão-de querer? Pode vir o dia em que finalmente, cansados de terem mergulhado em pântanos, eles decidam conhecer a pureza, a luz. Mas será impossível, eles não terão nem os meios nem e força para isso. Imaginar que tudo é possível, que se pode subir ao céu depois de ter descido durante anos ao inferno, é não conhecer nada da psicologia da vida. Já se entrou em colapso, está-se sujo, entorpecido, desgastado, e julga-se que se vai percorrer os céus? Que ingenuidade, que ignorância.
Omraam Mikhael Aivanhov
Ana, estava a ler este livro e quando entrei aqui e vi o seu poema, não hesitei e deixar este registo...
Mais um poema para reflexão.
Um beijo
Dolores
Re: Caminhar
Obrigada pelo comentário Dolores. Realmente o texto que me enviou está bastante relacionado com o poema que escrevi.
O que quis salientar foi exactamente o paradoxo da vida humana, enquanto vamos fazendo escolhas erradas, esquecendo-nos de procurar a essência da vida...
Beijinho de respeito e admiração para si.
Ana Maria