Estar sem estar


E vejo da calçada...

Vários ratos mecânicos de aço de cores
Correndo freneticamente pelo lodo negro asfalto.

Esta cidade está suja de pessoas
De máquinas, hotéis e desejos.

A ambição culpa os motivos...
Nem esperamos mais do jeito que
Temos que esperar
Nem choramos do jeito que
Devemos chorar
Ou sorrir ou sumir ou ser
Estar conseguir lutar.

Assassinamos mais e mais
As coisas que ainda são coisas.
Procuramos chamas fugidias
Escondidas por detrás dos sopros
Conduzidas por ventos e brisas.

Aqui, sem estrelas o céu é mar negro
Aqui, sem ninguém de tanta gente
De tanta gente, que não vejo ninguém
Só sinto cheiros e pensamentos atravessando pistas
Ratos que levam ratos nas máquinas
Que são
Canetas correndo e deixando para trás palavras,
Línguas caminhando pelos lábios da boca,
Vozes traduzindo sentimentos utópicos.

Um sentimento pagão quis chamar-se amor
Redescobrindo novas formas das velhas formas.
Nossa Terra está presa num cata-vento,
Nós somos “a criança” a segurá-la
O universo é o vento a girá-la.

De tarde o pai infinito nos bate
E nos tranca em nossos quartos
Para dormirmos na tentativa de sonhar.

Ainda estou tentando voar
Para longe de tudo que existe
De tudo que é normal,
Talvez tentando ser um livro
Ou um poema pobre, sem graça...
Envergonhado de tão seco
Envergonhado de tão tímido
Envergonhado por não acreditar em si.
 

Submited by

Thursday, March 31, 2011 - 16:08

Poesia :

No votes yet

Alcantra

Alcantra's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 10 years 3 weeks ago
Joined: 04/14/2009
Posts:
Points: 1563

Comments

SuzeteBrainer's picture

Genial esse teu poema! Que

Genial esse teu poema!

Que fala do ser ausente neste mundo mecanicista,imediatista que distancia cada vez mais o vivencial ricamente humano.

Na tua poesia,és sempre poema: original,profundo,reflexivo e surpreendente...

Abraçosmiley

Add comment

Login to post comments

other contents of Alcantra

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Fotos/Profile 2421 0 2.174 11/23/2010 - 23:48 Portuguese
Fotos/Profile 2422 0 2.075 11/23/2010 - 23:48 Portuguese
Fotos/Profile 2416 0 1.754 11/23/2010 - 23:48 Portuguese
Fotos/Profile 2415 0 2.024 11/23/2010 - 23:39 Portuguese
Fotos/Profile 1963 0 1.792 11/23/2010 - 23:38 Portuguese
Ministério da Poesia/General Cancro à pele 0 1.693 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Tangência mútua 0 2.118 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Equilíbrio 0 973 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Sociedade Morta 0 1.491 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Os moinhos do norte 0 1.961 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Olhos apagados 0 1.848 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Lágrimas de asas 0 1.342 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Arranhão do gozo 0 1.914 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Notícia (Ode a Foz do Iguaçu) 0 1.464 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Michelangelo 0 1.360 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Estar sem estar 0 1.225 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Esplêndido... esplêndido 0 993 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/Intervention O ESTUPRO DO MUNDO 0 2.316 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Arte artista ninguém 0 1.028 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Ressuscite para mim meia noite santa 0 1.749 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Falésias debruçadas 0 1.353 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Corda ao pescoço 0 2.348 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Ácida cidade 0 1.547 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General Legionário 0 1.249 11/19/2010 - 18:08 Portuguese
Ministério da Poesia/General A prata do mendigo 0 2.845 11/19/2010 - 18:08 Portuguese