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O ESTUPRO DO MUNDO

Esqueça Cristos e pecados
Esqueça Deuses e punições
De facas e guilhotinas que te cortam cabeça
Sem fio afiado de corte
Nem pescoços caídos,
De forcas e cruzes que enforcam
Sem enforcar ou asfixiar gargantas
Que crucificam sem braços abertos
E sem pregos frios que se aquecem em sangue.

Por que me desorientaram tanto em meio ao que não suporto?

Não fujo do que sou,
Nem sou aquilo que já fugi.

Jogaram-me na solidão que fui encontrar
E pude saciar-me de sonho tão vasto.

Ainda estou sentindo a dor que me puseram
Em vômitos e cochilos linguais
De insensível lampejar
E de impassível medo.

Arrastei-me até estes montes inalcançáveis,
Nesta tímida e invisível morte que sempre pus-me a imaginar.

Sei que meus olhos são rostos
E que minha voz ou minha dança
Encena o insano,
Mas continuarei assim,
Enquanto houver música e olhos fechados
Enquanto houver insatisfação em querer desejofontedeprazer
Eu estarei e não só estarei como serei
Serei e não só serei como eternosernadatudo.

E assim me torturo sendo eu - o meu carrasco
Sendo eu - o torturado.

Ulisses... há Ulisses!
Estive tanto tempo procurando o seu entender
E entendi que não consigo mais entender-me.

Parei de ser tudo à minha volta para transportar-te ao palco de minhas pupilas dilatadas.

O dia todo foi um segundo, uma sombra passageira escorregando ondulante pelo mundo.

Minhas salivas absínticas evaporam sonhos
& vão devorando consciências.

Úteros cansados cospem bebês sem mirar nos berços
Que caem perdidos misturados em raças
Negadas, não compreendidas
Sem línguas mesmas.

Arrebentam harmonias
E criam o desigual o individual
Titã de peles escuras.

Acordam a Guerra embalada por algum deus...
Meu deus, seu deus
Que Deus?
Compreendem sem saber o que é compreender
Quer sabendo o quê, mas não entendendo o porquê.

Somos crianças nascidas não programadas.
Nascemos apolíneos e não dionisíacos
Dionisíacos e não apolíneos.

Aquela existência meteu seu membro em algo
Ejaculando o sêmen essência.

Amamos e destruímos, destruímos, destruímos e destruímos.

Aproveite o último gole de esperança cara criança humana
Nossos domingos estão sendo assassinados
Velhos insanos tortos.

Dormiremos dentro de unhas sujas
Na cama morte certa.

Aquela bomba foi feita de sentimentos lindos?
Aquele bebê chorou?
Com o tempo as lágrimas das mães vão secando.
Cadê nossa terra?
Nós queremos e dizemos
Que não queremos acabar com nosso leito,
Não respiramos o ar suspenso
Respiramos querer querer e querer.

A Terra é violentada abruptamente
Constantemente forçosamente
Compulsivamente
Por um falo monstruoso
De santos deuses homens
De inteligências tecnologias
E dinheiro.

Nossa! Posso ouvi-la chorar!
O que antes era um choro gritado e esperançoso...
Hoje posso ouvi-la chorar delicadamente,
Compreensivelmente numa dor acostumada e não vingativa.
Por que não vingativa?
O fim está nas horas alegres de todo dia e noite.
Podíamos ser um pouco tristes a ponto de esquecermos a ambição
Para ao invés de estuprá-la, amá-la?

Escuro vazio quase mudo pensar assim
Entorpecente pele universal intocada,
Mas consumida por imaginações desencadeadas
Além dos limites, além de sombras esguias
No firmamento do tempo cultivado em mentes sorrateiras

Calvário, mórbido vacância dos corações machucados
Encharcados de dor e lágrimas caídas
Na face irritada com poros de sonhos

Alguma vez olhaste para cima e choraste
A lembrança do que ainda pode vir inevitável?
Tentaste entender palavras poéticas
Não escritas, mas cantadas dentro de corações nossos?
Que irrompem doces ilusões para levar-nos
Em enormes barcas expressivas
Até o outro lado do oceano de águas salgadas da compreensão?

(Não quero ter pena nem solidariedade,
Quero do jeito que tem de ser
Do jeito que tem de ser)

Apenas acordar, não mais nas manhãs,
Mas cada vez mais para dentro de nightmares
No sem querer misturado ao triste-inconsciente
Ser gerado, crescido em alguma lacuna oculta de nossas mentes.
Porque tem de ser assim,
Enraizar no encéfalo que nasci tarde demais?
Mas quem poderia prever,
Se a alegria é o que buscamos?

As máquinas estão quase vivas,
São divindades esperando para se automanifestarem.

Eis o messias de inoxcromoniqueltitânio de placas inteligentes
Que não precisará respirar apenas calcular
Eis morta escrava vida nossa sistêmica e falida
Eis natureza abafada esgotada consumida.

Assim costuramos com veias
Artérias jugulares
A roupa feia de nosso futuro que não sabe dançar
Como as estrelas do céu no espaço seu negro.

(Sempre olhei da janela pensando que estava livre disto,
Mas percebi que olhava não de dentro de minha casa,
Mas de fora dela).

Aqueles generais sorridentes fingindo sabedorias
Amamentando animais com suas mamas de Mães Cabras.
Filhas Cabras estas que podem um dia querer pensar
Se libertar dos crânios pregados em ordens

As mãos amam armas
A religião é uma desculpa capciosa
Liga espírito ao contrário caminho que o próprio espírito deve seguir
Desencontra ao invés de encontrar-se

Estamos sem estar
Na casa que não construímos

Os dedos e os olhares um dia se cansarão
E não mais apontarão e olharão para fantasmas vestidos em ouro

As portas escondem segredos
De coisas confundidas esquecidas

O dia ficou para trás durante muito tempo
Até homens vestidos de horas
Dirigindo seus precisos relógios
Despertarem-no

Quem diria que estamos presos
Em pensamentos
Nas barreiras indestrutíveis da carapuça?

Somente escutamos sussurros nos ouvidos machucados
Enxergamos leves vultos com olhos embaçados

Mães excêntricas que não encontram significados
Que são mães para serem sangue noutra pele
Para serem parte ou pedaços eternos nesta Terra
E esta mesma Terra que grita de longe,
Que não se preocupa com mães, pais ou filhos
Que roda, roda tentando sair de seu eixo escravo,
Que tenta fugir do calor do sol

A beleza desperdiça tempos para dar
Uma falsa impressão do verdadeiro belo.
E qual é, e, ou, onde está o verdadeiro belo?

Saquearam a coragem
Quem quer ser herói?
Quero salvar-me apenas

O buraco gigantesco põe à prova lealdades
Em meio às brincadeiras tolas e bobas

O fogo alastra-se por mares e continentes

Afogados em âmagos procurando sumir de vez
Estão aqueles que se arrependem

E de quem é a culpa?

Simplesmente sentimos arames farpados
Penetrando nossos pescoços
Que mal conseguimos impedir com nossas mãos e dedos

Estamos gemendo como nunca gememos antes
A desgraçada forca nossa arrebatada

Circunspecta vingança convicta de sua vontade
Arrebatadora distribuída em movimentos de tempos
Com propósito inevitável sobre nosso ciúme
Asqueroso de que tudo pertence a nós

O enxame cultiva nossa colméia enfeitada
Num vexame à luz de nossas ansiedades,
Tão alheio às ordens do Natural
Que padece junto ao medo

Suceder de maneira contrária
Entender que contrário é certo

Nauseabundo feio concomitante vínculo
Corruptivo vitupério à cerca de crianças
Soltas do lado de fora da grade sensitiva
Orientada por sombras
A ludibriar seus espíritos evolutivos

A vida ainda gira em seu eixo da não censura

Retruca boca surra envolta em trevas
Fugitivas do abster de verdades calçadas,
Mas não amadas, nem valorizadas
Como trapos que só servem para aquecer
Nos momentos frios

Assalto fulminante do predador
Sobre a inofensiva presa
Para depois vangloriar-se de puro sabor
Não da carne, mas sim da caçada.

O tempo é um soldado obediente às ordens
De reinos chorosos anárquicos

Mente humana machucada mutilada
Pela faca da não percepção

Lepróticos de visão
E crentes em milagres frios

Infectada droga por dentro do sangue planetário,
Correm em jugulares homens
Correm em artérias homens
Correm em veias homens
Bombeia com força infiel coração desiderativo

Finge-se de valente cavaleiro-herói,
Mas foge em horas de prova

Astúcias em asfaltos quentes mornos
Na autopista do erro

Algumas coisas voltaram e não mais partiram
Outras partiram e não mais voltaram

Volátil prazer indizível, mas fincado
Nos minúsculos sentidos acrescidos
E tão lucíferos que não arremetem nada.

Súbito implorando um quê de poder
Alçar-se aos fenômenos arrefecidos
Por bafos abismais da serpente que pensa

Onde estão os risos bobos e sarcásticos agora?
Talvez no alto dum prédio ou atrás duma TV azeda
Ou na observância de longe
Dum corpo caído com uma bala presa ao crânio.
Talvez esteja nos semblantes alegres das moscas
Divertindo-se com a brincadeira de perfurar a carne.

As almas precípites caminham por ruas escuras,
De olhares pra baixo, de caídas pálpebras
Tentando encontrar uma maneira de livrarem-se
De culpas admoestadas antes mesmo de consumado o fato.
E até quando não perceberemos o delito?
Até quando fugiremos antes mesmo do ocorrido?

Quem sabe Deus e Justiça moram nas balas que eles atiram,
Mas do contrário diria que tais coisas não exprimem desculpas

O poderio mais uma vez oprime com músicas de destruição
Afinado pelo dedo da morte lasciva.

Em escombros turbantes, panos e faces desesperadas
Em sentimentos indizíveis dançam a estática valsa
Da chacina.

Penso nos últimos pensamentos dos corpos
Que encontraram sua morada nos escombros
Sujos e frios pintados em sangue
Que ficam mirrados para mostrar ao mundo
A pintura absurda do artista da Guerra

Deitamos olhos por sobre estranha arte
Originada de sofrimentos e dores,
Contemplamos e cultuamos a tragédia
Rabiscada em fuzis
Sons musicais
Iluminados por pólvoras
Assustando o repente

De repente some uma gotícula de vida

Qual força nos move por sobre diferenciais
Estados o qual fomos criados?

A paz ruída cada vez mais fraca
Cambaleante sem júbilo

Sombras da noite rastejam pelo asfalto...
Não existe liberdade,
Apenas diferentes tipos de prisões.

Qual interprete será capaz
De não mais encenar e sim ser
O protagonista pobre que aparece morto
Na peça?

Vista tu sua máscara chula veuromórfica
Quando à noite fores passear por ruínas!

O insensato está na seção das nove!

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terça-feira, dezembro 15, 2009 - 20:07

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Alcantra

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