Dos lobos não havia sinal…

(poesia e prosa visual)

Dos lobos não havia sinal…

O mato de fragas e turfa que serpenteava a serra, formava um labirinto de redondos contornos que ao longe brilhava em ritmo cadente.
Era o reflexo de sol que se abria por entre as densas nuvens,
Num cintilar sobre o verde acabado,
Caído e viçoso em gotas de chuva decorado.


A refracção das lâminas de luz, fatiavam do alto, os negros, gordos e bem contornados favos de água em céu firmado,
Como que a avisar ser uma teta inflamada prestes a transbordar, a ordenha de chuva para o chão da terra.


Enquanto as nuvens se moviam, descarregavam em montes distantes o dilúvio da pura vida que enche os rios.


Do monte onde eu ficava,
Eu vi em mágica memória formar-se,
Um arco colorido
em sete tintas diferentes,
Reflectiam-se nos olhos,
tingiam a íris que me pertence.

Das altas fragas caíram
Quatro trombas vigorosas, baças e esponjosas…
E alvas, em constante devir…
Irrepetível retorno…

E sem mover o pescoço,
Conseguia escutar o coração...


A respiração perdia-se em esquecimento,
Olhos fixos de deslumbramento:

« Sete cores num semicírculo,
Quatro quedas de água,
Dois montes de pedra aguçados,
Negras nuvens em espaços desordenados,
Verde e brilhante era o horizonte da serra »

Os astros, água e terra,
Já eram antes de eu ser…

Um dia de Janeiro,
Onde já longe vai o tempo…

… E dos lobos não havia sinal.

 

 

 

in Via ecológica

 

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Thursday, May 12, 2011 - 19:07

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