Pião

Caos, tristeza, decadência. É tudo o que me rodeia, quarta-feira.
O ser humano apagado, fraco, em busca da mão. Em busca de pessoas que simplesmente quebrem e ajam contra as regras vincadas.
Assisto e questiono: « Mas porquê chegar a este ponto?»
Mas a pessoa torna-se cega ou então começa a ver bem demais ...
Suspiros, esperas e reflexões. Meias por cima das calças, camisas, saias e um saco de supermercado. Lenço amarelo. Será mesmo a pobreza?
«Estou deprimida» Mas que estado é este de auto-reflexão? Meia volta e volta atrás. Óbvio.
São demasiadas formigas, demasiada confusão.
Porém, estou aqui mais cedo. Não sou melhor nem mais equilibrada, apesar de ter meias por baixo das calças.
A minha confusão está concentrada algures pelo centro do peito, medicamente falando, ansiedade e angústia. Tenho vinte, não quarenta. Como cheguei tão rápido?
Nenhuma das conversas é filtrada, apenas notada e misturada com vários passos.
Ouço a respiração irregular, as preocupaçõese as ilusões. Estou à espera. Enquanto espero, ouço e vejo. Sentir está mais longe. Não sei porque não me larga o desespero e não sei porque não me resolvo sozinha.
Dei meia volta e voltei atrás. Voltei-me delas para mim.
Sei o que quero mas não sei como o conseguir. Parece-me que todas as formigas perdidas estão bem ao pé de mim.
Choro. Não meu, da formiga. Família e filhos. No fim, a mulher das meias e dos amarelos, é mais forte do que a mulher real quebrada. O que procuram? Tranquilidade, satisfação e paz. Não sei se a procuram mesmo. Ou então somos assim e ficamos.
A senhora das meias tem jóias.
Eu não tenho jóias, tenho um papel. Constantemente.

BrunaPinho, 18-10-2011