MATERIA DE POESIA, Manoel de Barros

Desde quando a palavra tenta se fazer ausente da poesia? Trabalhar com ilações é se revelar ao reverso: esconder do todo o fragmento. E pensar, como podem os olhos ver mais do que a mão escreve. Assim é a obra de Manoel de Barros que, nesta Matéria de Poesia, remete o leitor ao âmago da finitude, ou à orla de infinitude, tanto se lhe dá. Pois, "As coisas sem importância são bens de poesia".
Desde sempre Manoel de Barros tem nos assombrado com suas pequenas coisas sem importância. E tem conseguido. Do nada, retira a essência. Faz-nos ver a diferença entre uma coisa e outra coisa, bem como a importância das duas, e de todas: "g - Nos versos mais transparentes enfiar pregos sujos, teréns de rua e de música, cisco de lho, moscas de pensão...". Aí estão os temas ditosos e diários.MB trabalha o diariamente sob o olhar da criança que nos habita, ou que da qual nos esquecemos: "Um garoto emendava uma casa na outra com urina"; "À margem das estradas Secavam palavras no solo como os lagartos...".
Afinal, onde estivemos enquanto as palavras nos chamavam para conversar? De quantos empregos precisa uma palavra para se dizer ausente? "Só as dúvidas santificam O chão tem altares e lagartos".
Por isso, ficamos com A DESCOBERTA, onde encontramos que "Anos de estudos e pesquisas: Era no amanhecer Que as formigas escolhiam seus vestidos.
A poesia é assim, vestida e descoberta, como as bifurcações ou as tabacarias: depende de que janela a olhamos.

Submited by

Domingo, Julio 12, 2009 - 23:25

Críticas :

Sin votos aún

PedroDuBois

Imagen de PedroDuBois
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 10 años 22 semanas
Integró: 03/15/2009
Posts:
Points: 1484

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of PedroDuBois

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/General A SENSAÇÃO DO NOME 1 530 08/04/2009 - 04:10 Portuguese
Poesia/General EQUAÇÕES 5 781 07/26/2009 - 20:54 Portuguese
Poesia/General LUÍSA 4 424 07/16/2009 - 12:51 Portuguese
Poesia/General APRENDENDO A VOLTAR 10 681 07/15/2009 - 01:55 Portuguese
Poesia/General O LIXO REVOLVIDO 6 853 07/13/2009 - 20:16 Portuguese
Poesia/General RETORNO I 2 577 07/12/2009 - 01:46 Portuguese
Poesia/General VIDAS 6 564 07/11/2009 - 20:40 Portuguese
Poesia/General SOLIDÃO 8 567 07/09/2009 - 22:27 Portuguese
Poesia/General A LUZ DESPOSSUÍDA 4 510 07/06/2009 - 18:39 Portuguese
Poesia/General DESENHOS 6 868 07/06/2009 - 18:37 Portuguese
Poesia/General PEDIR 8 797 07/04/2009 - 01:32 Portuguese
Poesia/General CONFISSÃO 4 483 06/30/2009 - 21:59 Portuguese
Poesia/General PRESO 2 473 06/28/2009 - 05:39 Portuguese
Poesia/General MAR ABERTO 7 559 06/25/2009 - 22:22 Portuguese
Poesia/General OS DIAS INDIFERENTES 5 731 06/13/2009 - 03:11 Portuguese
Poesia/General Tânia 2 645 06/13/2009 - 03:08 Portuguese
Poesia/General FICAR 2 789 06/08/2009 - 04:47 Portuguese
Poesia/General XLIX - Como Objetos Inseparáveis 1 982 06/08/2009 - 04:32 Portuguese
Poesia/General PALAVRAS 4 581 06/08/2009 - 04:24 Portuguese
Poesia/General JÚLIA E MARINA 1 665 06/08/2009 - 04:16 Portuguese
Poesia/General COTIDIANOS 1 740 05/31/2009 - 21:42 Portuguese
Poesia/General O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS 2 545 05/30/2009 - 01:18 Portuguese
Poesia/General CIRCUNLÓQUIOS 1 775 05/27/2009 - 18:46 Portuguese
Poesia/General (DES)TEMPO 3 585 05/27/2009 - 00:40 Portuguese
Poesia/General A CASA EM PROCURAS 1 903 05/25/2009 - 02:10 Portuguese