LINGUAGEM ARREVESADA

Ódio,
ecos de poeira,
becos com saída ceifeira.

Raiva,
pontes ambulantes,
fontes deprimem os amantes.

Repulsa,
atitudes frias,
virtudes disfuncionais e vazias.

Queixa,
lamentos sem elogio,
momentos incrédulos sem pavio.

Azar,
azos vagos,
prazos de choros noctívagos.

Violência,
mãos de discórdia,
vãos sem seio de misericórdia.

Cansaço,
poemas estancados,
dilemas surgem fantasmas iluminados.

Sepultura,
sonos de lua,
Outonos de vida nua.

Rezas,
ladainhas de areia,
sozinhas almas sem candeia.

Solidão,
inferno rouco,
inverno de tão pouco.

Inércia,
néscia rede sem peixe,
parede de fomes sem feixe.

Lâmina,
pulsos de ira,
impulsos de verdade falam mentira.

Silêncio,
som axiológico,
tom oco morfológico.

Marasmo,
pianos sem pernas,
anos fazem serenata nas tabernas.

Ego,
tamanhos de mar,
tacanhos versos de amar.

Fugir,
pés aflitos,
fés ardem em velas de conflitos.

Religiões,
cruzes opostas,
luzes sem respostas.

Beijo,
linguagem arrevesada,
saliva no ruído das vozes versada.

Falácia.