A solidão não se mede em metros

Estou só. Não sei se me apetece deixar de estar só.

A solidão sempre me acompanhou até à independência, mas também me prometeu coloração à melancolia. Não procuro companhia. Se quisesse companhia procurava na religião o reconforto sempre presente.

Agrada-me estar virada para a parede, e não me voltes. Deixa-me só nesta sala exígua, em que me perco para me reencontrar. Parece tão egocêntrico a necessidade de olhar para dentro de mim. Julgo que sempre que me olho em solidão vejo os olhos da multidão. E aí vos compreendo.


Como sabes, sempre considerei que é fácil viver dentro das conformidades da multidão, como também o é viver de acordo consigo próprio na solidão. Fujo da unicidade exprimida sempre em uníssono, mas recolho-me na solidão, continuando a acomodar-me nos facilitismos que não magoam. Não obstante, estando só costumo atrever-me à exposição, gritando, – e tu sabes que é verdade!, o que todos pensam pela surdina quando estão sós. Quando estou só estou livre.

Não julgues que a solidão é medida. A solidão não é medida é sentida. A solidão não é medida pelas milhas de espaço que distam entre nós e os nossos iguais. A solidão não é medida, só sentida enquanto esperamos deixar de estar acompanhados pela solidão.

Estou só e feliz enquanto espero deixar de estar só.

Estou só e não sei se me apetece deixar de estar só.

 

Elsa Menoita

Submited by

Domingo, Mayo 15, 2011 - 18:49

Poesia :

Sin votos aún

elsa

Imagen de elsa
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 13 años 28 semanas
Integró: 02/07/2011
Posts:
Points: 161

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of elsa

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Amor nunca mais os vi....nunca mais os vi.... 0 508 05/17/2011 - 01:12 Portuguese
Poesia/General Culpem-me só depois de me conhecerem 0 645 05/15/2011 - 21:17 Portuguese
Poesia/General As rugas são quem fui 0 637 05/15/2011 - 21:10 Portuguese
Poesia/Erótico Fica... 0 527 05/15/2011 - 21:07 Portuguese
Poesia/Meditación Pouco resta de quem somos 0 559 05/15/2011 - 20:52 Portuguese
Poesia/Tristeza Infelizes 0 528 05/15/2011 - 20:44 Portuguese
Poesia/Tristeza SÓ….MAS NUNCA SERÁ SÓ 0 661 05/15/2011 - 20:32 Portuguese
Poesia/General Entalada pelo tempo. Empurrada pela obrigação 0 630 05/15/2011 - 19:46 Portuguese
Poesia/Meditación Tempo que deixei restar 0 566 05/15/2011 - 19:37 Portuguese
Poesia/General 5 da manhã 0 567 05/15/2011 - 19:34 Portuguese
Poesia/Tristeza Bailado entre vazios 0 507 05/15/2011 - 19:30 Portuguese
Poesia/Pensamientos Palavras do silêncio 0 464 05/15/2011 - 19:26 Portuguese
Poesia/General Rascunhos no café 0 595 05/15/2011 - 19:24 Portuguese
Poesia/Erótico Não tenho chão; mas, tenho o mundo da ilusão!! 0 495 05/15/2011 - 19:22 Portuguese
Poesia/Pensamientos Já são só corpos!! 0 606 05/15/2011 - 19:19 Portuguese
Poesia/Meditación Sintomatologia da liberdade 0 534 05/15/2011 - 19:12 Portuguese
Poesia/Meditación Sobre liberdade 0 588 05/15/2011 - 19:08 Portuguese
Poesia/Pensamientos Estática, fujo para o vazio. 0 526 05/15/2011 - 19:06 Portuguese
Poesia/Desilusión Quem tu és?!: és a nossa imagem 0 535 05/15/2011 - 19:02 Portuguese
Poesia/Meditación Depois de nus adivinhar cenários críveis 0 555 05/15/2011 - 19:01 Portuguese
Poesia/Pasión Desejo-te ou desejo este desejo?! 0 549 05/15/2011 - 18:59 Portuguese
Poesia/Pensamientos O silêncio de ontem não adivinhava o silêncio de hoje 0 597 05/15/2011 - 18:53 Portuguese
Poesia/Meditación A solidão não se mede em metros 0 595 05/15/2011 - 18:49 Portuguese
Poesia/Erótico Neste desejo: Não te prevejo. Não me prevejo. 0 641 05/15/2011 - 18:48 Portuguese
Poesia/General Sonhar...nem sempre em sonhos!! 0 480 05/15/2011 - 18:46 Portuguese