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ADN CORSÁRIO, ROSÁRIO DE ATALHOS
Amuletos malignos, jusantes.
Anjos exilados da luz,
séculos adormecidos em seivas ardentes.
Adormecidos até este agora de barcos à deriva no mar.
Mar de palavras que não encontro.
Palavras eivadas, afiadas por escadas que não subo.
Subidas em côdea triste.
Escadas estúpidas, saxofone soprado
de água que me jorra dos olhos lodo.
Lodo das coisas
que sinto e não vejo,
coisas que me fazem respirar
teias de aranha onde a voz fica presa.
Fobias vistas,
bosque que me guarda as costas.
Bosques onde os pensamentos são lobisomens
sedentos de respostas.
Respostas de letra preta em papel negro.
Sins amaldiçoados,
nãos santos, trovados.
Trovas samaritanas, esfoladas.
Pecados de céu voltado ao dia,
fusos pregados à beiça da meia-noite.
Ser ou não ser,
inconclusivo ADN corsário,
mordido por bocas de escuro.
Bocas espinhosas
de um rosário de atalhos, confessionário.
Sombras exangues,
alvuras ferradas sob a pata de um elefante ténue.
O peso de um lábio confrontado ao beijo não dado.
Esfumado num beijar esquecido,
apetecido na outra margem, viagem não feita.
A música perfeita vem do chão
onde mantenho o ouvido e ouço o mundo quebrar.
Um mundo tenebroso, estaladiço.
Passadiço de diabos
que sabem me encontrar no tempo.
Num tempo onde me perdi e soube ser nada ser.
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